Os motivos para você ler “Buda”, de Osamu Tezuka

Ultimamente tenho buscado alguns quadrinhos com um tom um pouco mais épico. O problema é a dificuldade de encontrar eles em uma qualidade verdadeiramente aceitável, visto que o que é lançado dentro do mercado, na grande maioria dos casos, não vale tanto a pena assim. Junto isso a notícia que vi durante o ano passado: editora JBC irá lançar “Buda”, de Osamu Tezuka, no Brasil. Fiquei animado, e igualmente curiosa para uma das produções mais aclamadas dos mangás em todos os tempos. Assim, logo que saiu a pré-venda, corri para comprar o primeiro volume da HQ. E, se eu buscava o épico no meio dos quadrinhos, encontrei com uma obra que parecia não ter nada a ver com isso.

Aliás, é bem instigante como, nesse primeiro volume, o personagem título, uma das maiores figuras religiosas da história da humanidade, pouco seja mencionada. Nos relacionamos com outras figuras, que também tem um papel religioso e de desenvolvimento da realidade de uma Índia bem diferente daquela que conhecemos hoje. É algo quase medieval, para falar a verdade. Reinos, castelos, guerras e um quê de fantástico dentro desse universo. Tezuka constrói, logo nas primeiras páginas, todo um panorama desse local, especialmente no que tange sua geografia – que será importante nos capítulos que virão. Tudo isso para chegar em algumas figuras: um monge, um jovem pobre e sua mãe, e um menino escravizado que consegue se comunicar com os animais. Todos eles se envolverão nessa trama que chegará até “Buda” por si só.

Mas, aonde está o épico, você pode estar se perguntando? Justamente nas camadas e camadas que a narrativa vai entrar. Primeiro, nas batalhas de reinos, que vira um gigantesco pano de fundo para o desenvolvimento dos personagens. Em segundo, por um cenário de intensas batalhas, sempre pela sobrevivência. Assim, somos colocados junto de protagonistas que são tangentes a guerra, mas pertencentes ao estado de espírito que essas disputas chegaram. Eles se envolvem, querendo ou não, principalmente porque são de castas mais baixas.

Claro que não quero contar muito mais, porém a vontade é destrinchar todo o primeiro volume por aqui nesta coluna. Não farei isso. Quem merece ter uma experiência completa e imersiva com uma das obras, HQs, quadrinhos, mangás, entre outros, mais importantes da história da humanidade, precisa ler “Buda”. Fico triste que eu nunca havia emergido nesse mundo antes. Tezuka é enorme. Já tinha deixado produções absurdas, como “Metropolis”, “Ayako”, “Recado a Adolf”, e mais. Sempre teve uma preocupação genuína com um mundo perdido, que foi se transformando em cada vez mais estranho. Talvez “Buda” seja seu suprassumo nessa teoria.

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