O Rock Camp Curitiba na minha vida

Sou uma pessoa entusiasmada para qualquer atividade que trabalhe questões progressistas. Sou daquelas que enxerga o copo meio cheio. Talvez, hoje, esteja menos empolgada do que era há alguns anos, mas ainda gosto muito da militância contra as desigualdades. Quando ouvi falar de um acampamento feminista para meninas, achei incrível demais. 

Conheci o Girls Rock Camp por meio de uma amiga muito querida que fazia parte da equipe de voluntárias da primeira edição. Ela me apresentou a proposta e falou da intenção de dar bolsas a meninas que não podiam pagar pelo evento. Fizemos vaquinha para ajudar. Me senti fazendo parte da proposta e me apaixonei por tudo. Música, empoderamento, sororidade, alegria, defesa pessoal. Os conceitos que vi sendo trabalhados com as crianças me alegraram.

Depois tive a oportunidade de acompanhar, como mãe de campista, a edição remota do Girls Rock Camp durante a pandemia de Covid-19. Foi diferente, mas foi importante. As oficinas foram remotas, não houve muitas trocas entre pessoas, mas a proposta continuou viva, não foi parada pelo vírus. Ao contrário, houve uma mudança incrível naquele momento: o evento mudou de nome. As coordenadoras e conselheiras resolveram tirar o Girls do nome e passar a usar somente Rock Camp naquela e nas próximas edições, pensando no acolhimento de pessoas trans e não-binárias. Isso, para mim, foi um ato de amor. Choro quando me lembro. 

Na edição pós isolamento voluntário, minha criança foi campista do Rock Camp Curitiba e pôde experimentar a energia que faz parte de um evento cheio de pessoas que acreditam na diversidade e na igualdade. Aproveitou o carinho, a aceitação de iguais, a existência de pessoas que pensam da mesma forma. A composição de músicas com total liberdade… foi mágico.  

Sendo mãe de campista, entendi o processo. Eu tinha dúvidas sobre como seria possível aprender a tocar um novo instrumento, compor uma música e fazer um show em apenas uma semana. E, ainda, participar das oficinas que iam de artes em camisetas, performance de palco, criação de lambes e defesa pessoal até composição. Além das conversas sobre como ter um comportamento antirracista, anti-transfóbico e anti diversos preconceitos. Ufa! Era muita coisa! Mas entendi que dava certo. E os shows das crianças e adolescentes foi simplesmente lindo.

Agora, em 2022, resolvi ser voluntária e me inscrevi pensando em participar em qualquer setor onde eu pudesse contribuir. Não toco nenhum instrumento, nem canto. Fui chamada para ser empresária de uma das bandas e estou sentindo na pele a energia de produzir arte entre pessoas que tem um objetivo comum: fazer música com total liberdade, com muito apoio e carinho, sem julgamentos e com muito cuidado. Desde o primeiro dia de treinamento entendi o que é estar no Rock Camp: simplesmente faço parte de um dos ambientes onde há maior diversidade de pessoas do Brasil. Todes, Todas e Todos estão presentes, animades e segures neste lugar.

A banda da qual sou empresária é sensacional (não é porque é a minha banda, risos), as meninas são muito criativas, têm uma energia incrível. Nosso show será lindo, tenho certeza. Hoje estamos bem no meio da semana, na verdade, iniciando a segunda metade, então, ainda há muito para acontecer no Rock Camp Curitiba. A cada dia temos um objetivo para dar conta. Além de aprender o instrumento e compor a música, temos de dar nome à banda, nome à música, pensar na identidade visual da divulgação, na performance no palco, nos figurinos… é bastante coisa… Tudo até sábado.

Então, espero você, leitora, para assistir ao resultado dessa energia toda no nosso show que será num local espetacular. Já pensou? Ter seu primeiro show de rock no Crossroads? Não é pouca coisa, né? Eu acho incrível. Estas coordenadoras são prá lá de empoderadas e dedicadas. Eu sou fã deste grupo. E, você, se for ao show, tenho certeza de que irá se inscrever na próxima edição do Rock Camp. Simbora?

Texto de Sandra Nodari, Doutora em Comunicação e Ciências da Informação e pesquisadora de gênero. @sandra_nodari

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