Iria ser lançado e não vai mais: o caso Red Room

Ed Piskor é um dos quadrinistas mais badalados do mercado americano nos últimos tempos. Lançamentos como de “Hip-Hop Genealogia” e “X-Men: Grand Design” o fizeram se transformar em quem ele é atualmente. No último ano, Piskor publicou um de seus novos trabalhos independentes, “Red Room: The Antisocial Network”, uma trama cyberpunk curiosa e com padrões de insanidade costumeiras em suas HQs. E as coisas pareciam caminhar bem para o quadrinista também no Brasil, já que a publicação da obra em nossas terras estava confirmada para esse ano – e até com bookplate. Mas tudo mudou.

A editora Skript, que seria responsável pelo quadrinho, cancelou a publicação. Muitos não entenderem e até criticaram nas redes sociais o grupo. Com até anúncio que teria assinaturas de Piskor, a confusão ficou ainda maior. Por isso, fui atrás para entender o que teria acontecido.

Conversando com Douglas Freitas, editor da Skript, algumas explicações vieram a tona. A primeira, e mais óbvia de todas, o mercado editorial vive uma fase complicada em relações a preços e vendas. O papel está cada vez mais caro e fazer edições boas é cada vez mais complicado. Por isso, a própria Skript remanejou os lançamentos de 2022, passando parte dos materiais até junho de 2023. O que seria publicado posteriormente a isso e não tinha havido nenhum pagamento, foi cancelado. Foi nessa que “Red Room” apareceu. De acordo com ele, já tinha tido até uma tradução oficial. Porém, como seriam dois volumes, o investimento seria ainda maior, sem uma total certeza de retorno: “Nichado o Piskor”, conta ele. A Fantagraphics, editora que publicou o quadrinho originalmente nos Estados Unidos, confirmou a história.

E o que será feito dos bookplates? Ainda não existe uma resposta clara. Douglas diz que “ou vamos doar para nossos leitores ou, guardar para se ano que vem a gente lançar ou se alguma editora parceira por lançar”.

Com uma tiragem pequena e falta de dinheiro para grandes investimentos, a realidade da Skript com um quadrinho esperado por aqui, é a mesma de muitos outros materiais e editoras. Nem todas têm possibilidades financeiras de arriscar e poder gastar a mais ou até falhar. Com tudo tão caro, o mercado editorial de quadrinhos segue a mesma toada. Aqueles que tem responsabilidade, fazem o que é possível – o que, em muitos casos, é desagradável para os leitores.

Completo esse texto com a frase que Douglas fala pra mim: “Por isto que só dá para investir nos files hoje. Não dá para arriscar mais não. Por enquanto, não”. Tomara que seja apenas por enquanto.

De toda forma, o questionamento fica lançado e as dúvidas se foi um acerto ou erro por parte da editora também estão no ar.

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