Bolsonaro mantém fechada fábrica da Petrobrás que pode produzir oxigênio

Enquanto o número de óbitos causado pela Covid-19 aumenta no país e se aproxima das 300 mil vítimas o Governo Federal finge desconhecer a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen-PR). A unidade da Petrobrás, fechada há pouco mais de um ano, tem com capacidade para produzir 30 mil metros cúbicos de oxigênio por hora. Isso daria para encher 30 mil cilindros hospitalares pequenos, com capacidade média de 20 inalações de 10 minutos.

Recentemente o presidente da Indústria Brasileira de Gases (IBG) anunciou que pode faltar o produto nos hospitais brasileiros, o que representa um cenário de desastre humanitário. De acordo com Newton de Oliveira, o Brasil irá reviver a crise de Manaus (AM): “se os índices de consumo de oxigênio continuarem subindo e crescerem mais do que 15%, é bem provável que aconteça em todo o país aquela situação de o pessoal estar precisando de oxigênio e não ter”.

Mesmo com essa tragédia anunciada, o Governo Federal opta por deixar equipamentos se deteriorando e a população sendo literalmente sufocada. Também não considera as orientações feitas nos últimos meses pelos trabalhadores da Petrobrás e outros agentes políticos sobre a viabilidade de se produzir oxigênio na Fafen.

Tecnicamente a unidade possui uma planta de separação de ar, que, com uma pequena modificação, pode ser convertida para produzir oxigênio hospitalar. Para o petroquímico Gerson Castellano, um dos mil funcionários da fábrica de Araucária que foram demitidos, após o fechamento da unidade, “a Fafen-PR pode salvar vidas nesse momento dramático da pandemia que atinge novos picos em diversos estados do país”.

A separação de ar é um dos processos que ocorre para a produção da amônia, que é a matéria prima utilizada na fabricação da ureia, que era o principal insumo produzido na fábrica. De acordo com dados da Federação Única dos Petroleiros (FUP), se a planta operar em dois turnos de 6 horas, por exemplo, pode fornecer ao governo 360 mil metros cúbicos de oxigênio por dia.

De acordo com o boletim da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) do dia três de março, 19 unidades federativas, incluindo o Distrito Federal, estão com a ocupação de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) destinados a pacientes com Covid-19 acima de 80%.

Atualmente a média móvel nacional de mortes causadas por Covid-19 no Brasil está em 1.525, dados da última segunda-feira (8/3). Esse é o 13º recorde seguido. O indicador, em comparação com o verificado há 14 dias, sofreu acréscimo de 40,7%, o que significa tendência de alta nos óbitos.

Em comparação com o boletim publicado em 22 de fevereiro, seis estados passaram a fazer parte dessa faixa crítica da ocupação de leitos: Pará, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão e Piauí.

Para o Fórum de Defesa da Petrobrás o Governo Federal já retardou em demasia aquisição tanto de vacinas como de oxigênio medicinal, esse último que já está dando sinais de esgotamento no abastecimento. O resultado da negligência da administração Bolsonaro pode ser uma catástrofe humanitária sem precedentes.

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