3 quadrinhos brasileiros para ler durante a quarentena (Parte 2)

Continuando com o post da última semana, agora vamos indicar 3 quadrinhos brasileiros que precisam ser adquiridos em edições físicas, visto que não estão disponíveis pelo meio digital. Tentando buscar algo diferente, pensei em 3 obras de diferentes patamares, porém que expressam a multiplicidade da produção quadrinística nacional.

. Dora

Um trabalho de horror. É assim que podemos definir o que Bianca Pinheiro cria em um clima extremamente macabro e igualmente impactantes. Em “Dora”, vemos a história de uma menina que parece ter poderes telepáticos e, além disso, parece ser responsável por mortes estranhas na sua vizinhança, ainda mais devido as suas atitudes e forma de ser. No meio disso tudo, vemos sua mãe e uma investigadora debatendo, cada um colocando o seu lado e a mãe da garota, especialmente, parece não acreditar nunca.

É um trabalho que vai crescendo com o tempo. Apesar de ser um trabalho fechado, os diversos traços de personalidades desses seres torna uma obra muito mais complexa do que parece a princípio. O terror nos quadrinhos nacionais, definitivamente, ganha muito com os traços esquisitos de Bianca.

. Culpa

Curtíssima HQ lançada no selo Ugritos, coleção de curtas histórias da loja Ugra Press (veja aqui). Em uma obra que retrata o peso da culpa na relação de dois irmãos, Cristina Eiko idealiza personalidades diferentes, complexificadas, além de colocar um peso na sua trajetória. São personagens aparentemente simples, até pelo fato de não haver páginas para um maior desenvolvimento narrativo, contudo eles sempre se apresentam como quase uma personificação de uma realidade.

Desse jeito, Eiko coloca uma produção aparentemente simples para divulgar o papel da culpa em uma condição infantil, ao mesmo tempo que trazer em como isso pode reverberar para sempre na mente dos leitores.

. Capa Preta

Lourenço Mutarelli dispensa muitas apresentações. Um dos grandes quadrinistas e romancistas contemporâneos, o autor faz suas obras sempre de uma maneira a misturar o choque com um sentimentalismo muito grande. Nesse sentido, é até difícil entender qual veia literária Mutarelli tenta trazer, pois parece um artista que busca muito mais um certo âmago humano que poucas inspirações artísticas trazem.

Em “Capa Preta”, é possível ler as primeiras publicações dele como quadrinista, contendo as HQs Transubstanciação (1991), Desgraçados (1993), Eu Te Amo Lucimar (1994) e A Confluência da Forquilha (1997). Para quem não está tão acostumado com a nona arte, talvez seja um trabalho de um impacto bem maior do que o esperado. Porém, para os que querem se aventurar, é, definitivamente, necessário.

“A Gangue da Margem Esquerda”, de Jason.

Notícia da Semana. A editora Mino lança a HQ “A Gangue Da Margem Esquerda” agora em abril. É o terceiro lançamento de Jason no país, depois de “Sshhhh!” e “Eu Matei Adolf Hitler”, duas grandes obras com um humor ácido e totalmente emotivas.

Vencedora do Eisner de Melhor Edição Americana de Material Internacional em 2007, a produção brinca com grandes autores da literatura. O preço de capa é R$44.

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