“Eu, prefeitável? Te digo que sim”

Precisamos mais do que nunca de uma gestão inteligente de verdade e para colocar Curitiba na trilha do futuro. O caminho para isso? Escolher nas urnas uma nova política: a nova política que é uma mulher

Este texto faz parte de uma série de artigos de pré-candidatos à Prefeitura de Curitiba a ser publicados pelo Plural

Demorou um tempo para que eu topasse a proposta do Partido Verde de disponibilizar meu nome à Prefeitura de Curitiba. Mas conforme as conversas foram evoluindo, me convenci de que afinal poderia sim liderar a gestão do Executivo municipal. Sei que é estranho ver uma mulher falando assim sem medo, reconhecendo sua própria capacidade. Mas depois de sete anos trabalhando como vereadora com excelentes índices de produtividade, depois de quase 30 anos trabalhando dentro do serviço público de saúde e depois de viver uma jornada política que começou na base do Prefeito Greca e convictamente migrou para o campo progressista, posso dizer: por que não?

Primeiro, porque tenho acompanhado de perto o debate sobre a cidade e sei que Curitiba merece mais. Para mim, fazer política é articular soluções que colocam a capital do Paraná no trilho do futuro e é isso que eu quero: trabalhar para fazer de Curitiba uma cidade para todas e todos. Uma cidade pensada para as pessoas porque reconhece nelas seu principal valor.

É uma visão que começa nas ruas, que precisam estar em boas condições para que todo mundo possa exercer seu direito de ir e vir. Isso vai muito além de renovar 900 km de asfalto ou conceder subsídios milionários às empresas de ônibus (mesmo que elas prestem um péssimo serviço para a população). É também investir na infraestrutura da bicicleta e em outros modais, em calçadas que não representem perigo ou falta de acesso, com guias rebaixadas para cadeirantes, idosos ou carrinhos de bebê. Fazer uma cidade para todas e todos é criar espaços de convivência e lazer para além da região central, nos 75 bairros (principalmente nos mais periféricos). É criar um calendário descentralizado de feiras e eventos, para fomentar a economia criativa e os pequenos empreendedores.

Coloco-me à disposição dos moradores de Curitiba para cuidar melhor das pessoas que fazem essa cidade acontecer. Valorizar e respeitar as professoras, a Guarda Municipal e todos os servidores que mantêm Curitiba funcionando.

Na saúde é a mesma coisa. Como médica e servidora pública com quase trinta anos de carreira, reconheço a importância de se investir na saúde preventiva, aliada da educação e menos custosa aos cofres públicos. Ampliar o acesso à saúde popular de qualidade, com boas condições para quem cuida e para quem precisa de cuidado. Retomar a força de programas como o Mãe Curitiba, que era um exemplo de política pública em parto humanizado, inclusive premiado mundialmente, mas que foi desestruturado na pandemia e segue até então sem suas unidades de referência. Sei que é possível criar métricas de atendimento humanizado, que não pressionem médicos a realizarem consultas relâmpagos. Enfim, olhar para a saúde de forma integral, considerando também o desenvolvimento de uma consciência crítica em relação à maneira como habitamos o mundo.

Isso inclui cuidar do meio ambiente, valorizando as centenas de famílias que atuam como catadores de materiais recicláveis, fazendo um serviço ambiental essencial à cidade sem receber reconhecimento à altura. Revisar os contratos da gestão e destinação de resíduos sólidos de modo que a remuneração das empresas esteja alinhada com estratégias sustentáveis, incentivando iniciativas de impacto socio-ambiental.

Curitiba merece ver desenvolvida sua política de habitação e moradia popular. Para isso, é preciso aumentar o orçamento da cidade nessa área e acredito que esse é o início de um caminho para garantir uma vida digna à população em situação de rua e em vulnerabilidade.

Há muito o que se fazer também para mantermos seguras nossas famílias. E fazemos isso cuidando das mulheres e crianças, fortalecendo o combate à violência contra a mulher. Dar melhores condições de trabalho para a rede de atendimento à mulher e investir na educação de gênero e sexual nas escolas. Como médica ginecologista especialista em saúde reprodutiva, sei o quão importante é compartilhar esse conhecimento, ao contrário do que acreditam uns e outros quando afirmam que educação sexual é “ensinar os filhos a transarem”. Moramos num país com índices avassaladores de estupro, sendo mais de 60% dos casos ocorrendo com crianças de 0 a 13 anos, dentro do próprio lar. Os números da violência de gênero aumentam a cada dia e quando ignoramos isso estamos condenando toda a sociedade.

Quero ter a oportunidade de construir uma nova Curitiba a partir da política do diálogo. Debater as propostas com as equipes técnicas, mas também com a população. Incluir quem vivencia o problema no desenvolvimento da solução, pois é somando diversos pontos de vista que conseguimos multiplicar bons impactos. Meu trabalho como vereadora já mostrou que sou capaz de articular conversas com quem pensa diferente porque reconheço no diálogo a oportunidade de enxergar além.

Coloco-me à disposição do cargo de prefeita porque Curitiba merece mais do que viver da fama de um planejamento urbano que foi exemplar nos anos 1970. Hoje, precisamos de mais, a cidade cresceu e a população também. Somos 1,77 milhão de pessoas coexistindo, buscando progredir para nosso bem e o de nossas famílias. Precisamos mais do que nunca de uma gestão inteligente de verdade e para colocar Curitiba na trilha do futuro. O caminho para isso? Escolher nas urnas uma nova política: a nova política que é uma mulher.

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