Professoras lutam contra o confisco de 14% da aposentadoria

Coletivo de Aposentados e Aposentadas estabelece calendário de ações para tentar reverter desconto previdenciário

Eunice Maria de Oliveira Turra está indignada. Com 73 anos, ela dedicou quase cinco décadas de vida à educação de crianças da Rede Municipal de Ensino, em Curitiba. Agora, sua aposentadoria – assim como a de 6,7 mil professores e professoras da rede municipal – sofreu um confisco de 14% por parte da Prefeitura de Curitiba. 

“Não é justo de forma nenhuma que a gente perca parte desse salário em prol do município da rica cidade de Curitiba”, diz Turra, que começou a carreira de professora em 1976. Hoje, ela sofre de uma cardiopatia grave. 

Eunice e outras professoras, com o apoio de outros servidores, estão pedindo a revogação da lei que autoriza o confisco. Outros estados, como São Paulo e Sergipe, revogaram a decisão do desconto previdenciário. 

Confisco

Em reunião no SISMMAC, na quarta-feira (21), o Coletivo de Aposentados e Aposentadas estabeleceu um calendário de lutas e ações para movimentar o debate. “Nós estamos realmente considerando muito injusta a aplicação dessa lei. Por isso, estamos nos unindo – todos os servidores – para fazer uma campanha na mídia, com o apoio de professores e servidores, pedindo a revogação dessa lei”, diz a pedagoga Doris Brepohl, de 72 anos.

Devido a Reforma da Previdência, aprovada no final de 2019, estados e municípios foram autorizados a confiscar ou não 14% do valor que excede dois salários mínimos da aposentadoria dos servidores. A Prefeitura de Curitiba e a Câmara de Vereadores optaram pelo confisco. 

Professoras e a presidente do SISMMAC dizem que é possível revogar a decisão. “Eu acho que os vereadores precisam rever essa questão. Tem como rever e tem como reverter. E acho que essa reversão seria um sinal de respeito com os servidores”, diz a professora aposentada Lucia Bonin, de 55 anos, que trabalhou por cerca de 30 anos. 

Aposentadoria

Mariléa Iantas, de 57 anos, diz que o salário de professor já é difícil para se sustentar e que sempre precisou trabalhar por dois períodos para ter comida na mesa. Hoje, com o confisco, ela tem dificuldade para comprar comida e medicamentos. 

Para Diana Abreu, presidente do SISMMAC, uma das maiores perversidades é a taxação das pessoas com doenças graves, que antes eram isentas de descontos. “E muitas servidoras voltaram a trabalhar por causa do desconto previdenciário”, diz Abreu.

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4 comentários em “Professoras lutam contra o confisco de 14% da aposentadoria”

  1. Valnei Francisco de França

    A relação de poder chega ao imoral. Assim como os aposentados do
    Estado do Paraná, os do município de Curitiba iniciam a sua jornada de depreciação salarial*.
    É visível que em ambos, Estado e Município, existe um excedente viável para investimento. A questão é aonde investir. Moralmente, o correto é manter o reconhecimento daqueles que elevaram ambos a patamares elevados e que servem para a propaganda oficial. Tanto em um como em outro, exemplo, o descaso para quem assumiu “a tarefa” de educar gerações de curitibanos, é incontestável. Valorizar os aposentados passa do como vemos o trabalho de quem está na ativa. Desvalorizar um indica desvalorizar o outro. Um Prefeito, garoto propaganda, deveria olhar com mais responsabilidade e justiça para seus trabalhadores aposentados e da ativa.
    As eleições estão chegando e, acho eu, a Educação deveria ser o principal tema da campanha dos candidatos. “Que Educação Eu quero para meus filhos?” O da propaganda ou o da realidade?

  2. Lindacir Lucia Vicelli

    É um descaso com o servidor que já contribuiu para a previdência ter esse desconto, não respeitando nem o teto do INSS. O governo do estado já implantou esse roubo de nós aposentados e agora os municípios seguem a mesma linha. Lamentável, numa fase da vida que mais precisa- se de cuidados com a saúde nossa renda é corroída.

  3. Andréa Regina Portela dos Santos

    Com certeza nós professoras e professores aposentados , que alfabetizamos e ensinamos tantos curitibanos , lembraremos e faremos outros lembrarem quais vereadores votaram essa lei que está tirando alimento e remédio de quem nesse momento da vida deveria estar desfrutando .

  4. Rosméri Maria Pereira

    A Curitiba Educadora valoriza tanto a Educação a ponto de desprezar todos os professores e professoras, tanto da ativa, com o congelamento da carreira, como os aposentados(as), com o desconto perverso de 14% de um salário já defasado.

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