Morre Arlete Hilú, líder de quadrilha de rapto de bebês que apavorou uma geração

Responsável por uma série de sequestros de bebês e líder de uma gangue que vendia crianças para fora do Brasil, Arlete Honorina Hilú morreu no interior de São Paulo no fim do ano passado, sem que ninguém fora da família […]

Responsável por uma série de sequestros de bebês e líder de uma gangue que vendia crianças para fora do Brasil, Arlete Honorina Hilú morreu no interior de São Paulo no fim do ano passado, sem que ninguém fora da família tenha sido informado. A revelação foi feita neste sábado (20) pela reportagem do Uol. Arlete estava em uma casa de repouso em Porto Feliz, no interior de São Paulo.

Arlete, segundo o que se divulgou agora, teria falecido em novembro passado, de uma pneumonia. Estava com 78 anos e, até onde se sabe, tinha problemas mentais e já não estaria lúcida. Depois de um período de cadeia nos anos 80, Arlete viveu em liberdade até o fim de seus dias, embora tenha sido, supostamente, responsável pelo rapto e venda de até três mil crianças junto com sua quadrilha.

O Plural, em parceria com a Rádio Novelo, contou a história de Arlete em um episódio do programa Rádio Novelo Apresenta, em abril do ano passado. A reportagem, feita em parceria com Felippe Anibal, correu atrás do delegado responsável pelo caso na época na Polícia Civil e de crianças e mães que tiveram suas vidas afetadas pelos crimes. Também falou com jornalistas que cobriram o caso, como a repórter Elza Aparecida de Oliveira Filha, hoje professora de jornalismo na UTFPR.

Na época, a informação dada pela família era de que ela já não tinha lucidez para falar. Arlete dizia não se arrepender e ter certeza de que havia dado “uma vida melhor” para as crianças que vendeu para Israel e outros países.

O esquema

Elza e seus colegas de reportagem no Globo descobriram o esquema de venda de bebês depois de uma investigação profunda, que começou numa consulta médica. O responsável por uma das maiores maternidades de Curitiba contou a Elza que havia algo estranho acontecendo e ela foi atrás.

Em sua investigação, Elza foi parar em um apartamento onde crianças eram “hospedadas” até que os compradores dos bebês chegassem para levá-los. A jornalista também descobriu um hotel de Curitiba onde os estrangeiros, principalmente israelenses, ficavam em Curitiba à espera da documentação ou do parto das crianças que levariam para casa.

A preferência, segundo a própria Arlete, era por bebês brancos e de olhos claros, o que levou a quadrilha a concentrar boa parte dos crimes em Santa Catarina, embora também tenha atuado no Paraná e, posteriormente, no Rio de Janeiro.

Depois da revelação, houve ordem judicial para impedir as adoções por estrangeiros temporariamente. Depois de um período de fuga que a levou inclusive a Israel, Arlete acabou presa. Em entrevistas, disse que os três anos de cadeia fora até “divertidos”. A legislação da época não tinha tipo penal específico para rapto e venda de crianças, o que levou o Congresso a agir depois da prisão dela.

Bruna

O caso mais célebre de rapto e venda de crianças acabou sendo a da menina Bruna Vasconcellos, que foi tirada de casa por uma falsa babá enquanto sua mãe trabalhava numa fábrica. A mãe da menina lutou para reaver o bebê e pressionou as autoridades até que Bruna foi encontrada em Israel. A Justiça israelense determinou a devolução da criança, que voltou ao país sob grande comoção social. Hoje, Bruna mora em Santa Catarina e também é mãe.

Sobre o/a autor/a

1 comentário em “Morre Arlete Hilú, líder de quadrilha de rapto de bebês que apavorou uma geração”

  1. Valnei Francisco de França

    A violência choca, mas é importante sua publicização. Convivemos em nosso cotidiano com as mais e mais informações chocantes. Emociona, mas falta uma ação consequente que possibilite sua extinção no futuro. Não é pouco lembrar que muito e muito antes do Estatuto da Criança e do Adolescente já existia a Lei de Proteção aos Animais que, inclusive, sua usada para a libertação de Luis Carlos Prestes por Sobral Pinto. Aonde estão os valores civilizatórios da Sociedade Brasileira?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima