Mais da metade dos pais com filhos matriculados nos colégios do Grupo Positivo, um dos maiores de Curitiba, é contra a retomada das aulas presenciais neste momento. Pesquisa feita pela própria rede revela que 57,9% deles preferem que os filhos continuem em casa por ainda temerem os efeitos da pandemia do coronavírus. O levantamento foi realizado com cinco mil entrevistados na Capital e em outros cinco municípios paranaenses.
Em Curitiba – que também tem pesquisa semelhante na Rede Municipal, mas cujos resultados não foram divulgados –, o retorno das atividades extracurriculares será liberado em todas as escolas do Paraná a partir do dia 19 de outubro. A retomada foi definida em decreto do Executivo Estadual, publicado na última sexta-feira (9), e engloba aulas como reforço, educação física, artes e idiomas, tanto na Rede Pública quanto na Particular de Ensino.
Oito das 13 unidades do Colégio Positivo ficam em Curitiba onde, segundo o levantamento da instituição, há mais pais resistentes à volta às aulas em ritmo presencial. O grupo também tem sedes em Londrina, Foz do Iguaçu, Ponta Grossa, Cascavel e Joinville (SC). Nestas duas últimas, os pais estão menos resistentes à retomada presencial, revela a pesquisa.
Apesar do índice de concordância com a retomadas das aulas variar em cada unidade, o diretor-geral do Colégio Positivo, Celso Hartmann, disse que a pesquisa revela uma situação comum em todas as escolas particulares brasileiras.
“Nenhum município está 100% convencido de que deve voltar. Os benefícios e malefícios causados pelas escolas fechadas ou abertas ainda não estão 100% claros. Se por um lado, o Brasil é o país que mais tempo deixou suas escolas fechadas, nações desenvolvidas que voltaram a receber seus alunos estão presenciando um crescimento no contágio”, afirma o diretor.
Mesmo com o retorno, nenhum aluno é obrigado a ir para a escola com a volta parcial às aulas. Pais ou estudantes que não se sintam seguros – sejam do grupo de risco ou convivam com alguém vulnerável à Covid-19; ou tenham suspeitas ou sintomas – deverão continuar na assistência remota.
O Colégio Positivo informou ter investido mais de R$ 50 milhões em reformas e melhorias para garantir o cumprimento dos protocolos de segurança determinados por autoridades sanitárias. O Grupo disse ainda que iniciou uma campanha de conscientização e informação à comunidade escolar sobre os novos procedimentos de entrada, saída, uso de máscaras, higienização das mãos, entre outras medidas contra a covid-19.
Rede Pública
O decreto que libera a retomada das atividades extracurriculares vale para todas as escolas do Paraná, públicas e privadas. Na Rede Estadual, o governo fará um “teste” nas cidades onde o risco de infecção é mais baixo.
A secretária municipal de Educação de Curitiba, Maria Sílvia Bacila, não disse quando as escolas municipais entrarão nessa etapa. Um decreto da Prefeitura suspende o retorno até 31 de outubro, mas os professores dizem que não há cenário conivente para volta breve na Capital.
Dados em processo
Assim como o Colégio Positivo, a Prefeitura também vem realizando pesquisa com pais de alunos para monitorar a intenção de volta às aulas na Rede Municipal. Contudo, mesmo com a solicitação do Plural, a Secretaria Municipal de Educação não compartilhou os resultados.
Em pedido feito pela Lei de Acesso à Informação (LAI) no começo de outubro, a pasta justificou que as “informações levantadas não são estáticas, possuem uma variabilidade constante” e que “a tabulação está em processo, portanto não temos dados conclusivos da pesquisa”.
A reportagem apurou, no entanto, que não se tratam de levantamentos independentes, uma vez que a intenção é “medida” mensalmente. Formulários foram aplicados em agosto e setembro, nos dias de entrega dos kits alimentação.
Na resposta via LAI, a própria Prefeitura reforça que a intenção é “subsidiar novas ações que sejam necessárias ao atendimento à comunidade escolar neste período de ensino remoto, e serve também de material de estudo e discussão do trabalho do Comitê de Estudo e Planejamento para retorno às aulas presenciais”.