Estreiam duas grandes newsletters para torcedores de Coxa e Athletico

André Pugliesi, Sandro Moser e Murilo Basso passam a assinar textos semanais sobre os dois maiores times de Curitiba

Tem mais de um jeito de ver o mesmo jogo de futebol. Você vai encontrar o jornalista que depois da partida vai ficar olhando os números, estatísticas e analisando as “áreas de calor” do campo. Vai ter o sujeito das mil opiniões sobre o esquema tático, perorando sobre os erros do professor. E, sim, ainda existem os jornalistas românticos, capazes de definir uma partida de futebol como uma “ópera semanal”.

Aqui em Curitiba, um trio de jornalistas resolveu ressuscitar esse tipo de visão do futebol em duas newsletters. O ponto comum entre as duas é André Pugliesi, um craque do texto que durante anos cobriu esportes na Gazeta do Povo e que só recentemente saiu de lá. Para fazer a Baixada, sobre o Athletico, chamou Sandro Moser. Para fazer Couto, sobre o Coxa, convidou Murilo Basso. As duas newsletters são gratuitas e estão disponíveis para quem quiser saber mais sobre o time do coração.

O Plural falou por escrito com André e Moser sobre o trabalho.

Quem teve a ideia?
André Pugliesi – A ideia das newsletters fui eu que dei e é apostar numa relação mais dedicada, afetuosa, com o clube do coração e o jornalismo esportivo. Troca-se o imediatismo dos meios convencionais, nas redes sociais, YouTube, TV, WhatsApp, e a histeria generalizada das opiniões, por uma convivência mais cadenciada, a partir do texto na tela, da imagem estática da foto, sem áudio e sem vídeo. Se quiser chamar de slow journalism, de crônica esportiva romântica, pode ser também. E começamos pelos dois principais clubes da capital, Athletico e Coritiba, que são, pra usar uma bela expressão, do nosso métier.

Mas não está meio ultrapassado esse conceito com tantas oportunidades na internet atualmente?
André – Não se trata de ir contra a modernidade, contra os avanços tecnológicos. A Inteligência Artificial está aí e pode cumprir um ótimo papel nas mais variadas funções. Agora, a IA, para entrar no universo do futebol, é aquele jogador voluntarioso, cumpridor, polivalente, tem recursos para produzir muito bem material standard para a busca no Google, para gerar receita de banner. Mas o texto que exprime a essência do jogo e a paixão do torcedor, que conecta diretamente torcedor e clube, sem distrações, ainda só o craque-cronista é capaz de produzir.

Como surgiram essas parcerias?
André – Eu e o Sandro, que escrevemos a Baixada, do Athletico, somos amigos de longa data, temos praticamente a mesma idade e múltiplas afinidades, inclusive dentro e fora do campo. Já Eu e o Murilo, que escrevemos a newsletter Couto, do Coritiba, viramos amigos mais recentemente, e trabalhamos juntos na Gazeta do Povo. O Sandro é jornalista, advogado e escritor. O Murilo é jornalista e empresário. E eu, infelizmente, sou só jornalista mesmo.

Qual foi o melhor jogo do Furacão que vcs já viram?
Sandro – Viajar atrás do Athletico é o melhor pretexto para conhecer a América Latina. Assim, a minha primeira viagem para Buenos Aires, na vitória contra o River Plate em 2006 é inesquecível. Mas o grande jogo da minha geração é CAP 4 x 2 São Caetano no primeiro jogo da final do brasileiro 2001.

Sei que o André não revela para quem torce. Mas e você, Sandro, de onde vem o amor pelo Athletico?
Sandro – Eu herdei do meu pai. Por sorte, não tive outra opção. Cresci numa família em que o Athletico era o assunto principal 90% do tempo. Já gostei bem mais de futebol em geral, hoje só me interesso mesmo pelo CAP e suas circunstâncias. É a minha ópera semanal, minha forma particular de me conectar com a metafísica e de me posicionar como personagem na História.

O que o leitor pode esperar de vocês?
André – Eu acho que está bem explicado na nossa proposta. Então, peço licença para reproduzi-la em parte. São textos originais, em produção artesanal. A cada publicação, seções diferentes: crônicas, cotações, notas, rankings, perfis, reportagens, efemérides, fotos históricas, entrevistas, enquetes, curiosidades, debates, dicas, notícias e, pode apostar, muito mais.

Vi que é de graça. O que vocês pretendem ganhar com isso?
Sandro – Como Millôr Fernandes, a princípio, eu “desconfio de todo idealista que lucra com seu ideal”. Desta maneira, no começo, só queremos fazer e registrar aquilo que gostaríamos de ler e celebrar. No futuro, se isso for importante para outros celerados como nós, quem sabe possa se pensar em alguma forma de remuneração deste trabalho.

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