Escolas de Curitiba estão há três meses sem livros

Alunos em pleno processo de alfabetização estão usando cópias xerográficas de livros didáticos há três meses

No próximo dia 14 de maio as escolas municipais de Curitiba poderão comemorar o aniversário de três meses da falta de livros didáticos para os alunos. Desde 14 de fevereiro não há livros didáticos suficientes para todos os estudantes.

Em 10 de abril o Plural noticiou que “20 mil livros didáticos foram solicitados por 62 escolas da rede municipal de Curitiba à reserva técnica” além de outras “16 escolas administradas pelo município estão tentando adquirir materiais em falta por meio do remanejamento”. Desde então, os estudantes permanecem sem acesso aos livros.

Para a Secretaria Municipal de Educação (SME), a culpa é do Censo Escolar, uma pesquisa censitária feita pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), com base em dados fornecidos pelas próprias secretarias de educação. Segundo a SME, “o alunado registrado para o envio de livros foi referente ao censo/2021, que é o censo disponível no momento do processamento da escolha feita pelas escolas junto ao FNDE, uma vez que essa autarquia não possibilita atualização após esse processo” em ofício enviado à Câmara Municipal de Curitiba.

O ofício, enviado no dia 4 de abril, foi uma resposta à única manifestação da Câmara sobre o tema, um pedido de informação protocolado em 7 de março pelo vereador Professor Euler (MDB). Apesar do assunto afetar 185 escolas e cerca de 75 mil estudantes, o assunto não mereceu a atenção dos demais parlamentares.

No documento a SME não informou que em 2021 o Censo Escolar apontava um total de 78 mil alunos matriculados na rede municipal no ensino fundamental, enquanto o Censo de 2022 indica uma redução no total de estudantes para 75 mil.

Na realidade, desde 2017 o número de alunos matriculados no ensino fundamental em escolas municipais caiu 18%, de 92 mil para 75 mil em 2022. A SME também não citou que o Orçamento da Educação para 2023 prevê R$ 84,9 milhões para “aquisição de bem ou serviço para distribuição gratuita” e que poderiam ser utilizados para compra dos livros faltantes.

Além de culpar o Censo Escolar, o ofício da SME também registrou que “o livro didático não se constitui como único recurso pedagógico para o trabalho em sala de aula”.

Apesar disso, os professores da rede municipal que estão precisando trabalhar sem os livros estão recorrendo a cópias xerográficas em sala de aula. Na Escola de Ensino Fundamental Presidente Pedrosa, no Portão, alunos recebem parte do conteúdo dos livros em cópias coladas nos cadernos.

Além da má qualidade das cópias, as crianças convivem também com condições desiguais entre estudantes de uma mesma escola, já que algumas turmas têm acesso aos livros e outras não. O problema atinge principalmente alunos dos anos iniciais do ensino fundamental, a maior parte dos quais está em pleno processo de alfabetização.

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3 comentários em “Escolas de Curitiba estão há três meses sem livros”

  1. Chegou até mim, em fevereiro, a informação de que alunos carentes de escolas municipais de bairros periféricos não receberam o material mais elemenrar_ cadernos, lápis, canetas, etc _ a que tem direito, tendo que contar com a solidariedadede campanhas para obter o básico; se a desculpa (esfarrapada) é a orçamentária, temos aqui uma escandalosa contradição, visto que a maioria dos habitantes desta cidade tiveram que arcar com o valor do seu IPTU reajustado abusivamente em praticamente 100%, em 2023.
    Seria uma contribuição valiosíssima a apuração profunda pelo Plural sobre a real situação das escolas municipais, o descaso indecente do prefeito Greca e a cruel penalização dos alunos das escolas municipais.

  2. Nosso prefeito, ex-ministro da Cultura, continua dando marcha à ré nas coisas que são importantes.
    A falta de apoio ao Festival de Teatro de Curitiba, a lambança no Teatro Paiol, os ataques contra obras de arte – a pintura do “Iluminado” e a homenagem à Gilda, demonstram que nosso prefeito já não ama mais nossa cidade.

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