Quase seis meses depois da saída dos mais de oito mil cubanos do programa Mais Médicos, o governo ainda pena para conseguir preencher as vagas em municípios mais carentes. Em novo edital, publicado nesta semana, o Ministério da Saúde abriu 2,2 mil vagas para atender a demanda municípios mais vulneráveis. O total de vagas em aberto com a evasão de brasileiros e as vagas não preenchidas dos cubanos é quase o dobro do que o governo pretende contratar agora. Dados de abril do Ministério da Saúde apontam que há 3,8 mil vagas abertas, ou seja, 1,6 mil a mais do que o edital atual prevê contratar.
Das 2,2 mil vagas, 104 são para municípios do Paraná. A demanda regional, contudo, é superior. Segundo dados do Ministério da Saúde, estão em aberto mais de 240 vagas para médicos entre todos os municípios que aderiram ao programa no Paraná. O edital atual contempla apenas 40% da necessidade mensurada pelo próprio órgão.
Dentre os municípios que serão contemplados pelas novas contratações, o Ministério da Saúde afirma que estão elencados os com extrema pobreza, áreas de vulnerabilidade, saúde indígena e demais municípios prioritários. Três das dez cidades paranaenses com maior número de vagas que devem ser preenchidas com o edital estão na Região Metropolitana de Curitiba: Colombo, com 10 vagas; Piraquara, com 9 vagas; e Campo Largo, com 3 vagas. Na lista, Guarapuava aparece em terceiro com total de vagas pelo edital; Ivaiporã e Santo Antônio do Sudoeste aparecem na sequência, com 4 vagas em aberto cada município.
Na outra ponta da lista, metade dos 60 municípios paranaenses com vagas contempladas pelo edital receberão apenas um médico no máximo. Ou seja, 50% dos municípios ficarão com apenas 1/3 das contratações atuais. Dentre eles, dois estão na linha que o Ministério da Saúde considera de extrema pobreza, que são São Miguel do Iguaçu e Capanema. Clique aqui e confira a lista com o total de vagas para todo o país.
Desde a saída dos médicos cubanos, em novembro passado, foram abertos dois editais para reposição de profissionais do programa. O primeiro edital continha 8,5 mil vagas para atuação em 2,8 mil municípios e 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI). O atual edital busca atender 1,1 mil municípios e 13 DSEIs. Via assessoria de imprensa, o ministério afirma que está em fase de elaboração um novo programa que pretende “ampliar a assistência na Atenção Primária”.
Para os municípios que perderam profissionais no programa, o órgão afirma que publicou portaria em abril estendendo para seis meses o prazo de pagamento da verba de custeio repassada às unidades. “A regra anterior cortava o repasse para o posto se ele ficasse sem médico por mais do que dois meses. Com a portaria, mesmo sem o médico, a unidade básica conseguirá receber a verba de custeio e outros financiamentos federais, os recursos que podem ser utilizados também para contratar seus próprios médicos”, afirma o Ministério da Saúde em nota.