Curitiba: famílias integrantes do MTST ocupam terreno no Campo do Santana durante a madrugada

Cerca de 400 pessoas ocuparam a área e montaram acampamento neste sábado

Na madrugada deste sábado (11) um grupo de 400 pessoas ocupou um terreno no Campo do Santana, em Curitiba. Eles são membros do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e rapidamente montaram acampamento no local. A Polícia Militar acompanhou a situação e não houve confronto.

O terreno fica na Estrada Delegado Bruno de Almeida e tem 1,8 hectare. A propriedade pertence à Piemonte Construtora, mas de acordo com o MTST está há mais de 40 anos descumprindo a função social da moradia.

“Essa é uma área para habitação popular segundo dados da própria prefeitura. O que temos aqui são trabalhadores que não têm mais condições de arcar com o aluguel e essa é nossa luta”, destacou Vinicius Souza, um os organizadores da ocupação, que conta com aproximadamente 400 famílias.

Este é o segundo local ocupado pelo MTST em Curitiba desde o início das atividades do movimento na capital. A outra área, chamada “Marielle Franco”, e fica no Tatuquara e está abrigando 350 famílias desde o fim de 2020.

Na madrugada

O MTST mantém um cadastro de pessoas que estão sem moradia ou em condições de vulnerabilidade. O movimento, baseado em dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), afirma que há um déficit habitacional de 80 mil moradias em Curitiba e região metropolitana.

Em paralelo, conforme estimativa da Fundação João Pinheiro, há 56 mil imóveis vazios na capital, além de 20 mil terrenos ociosos, segundo o MTST. A pandemia da Covid-19 pode ter agravado ainda mais a situação.

Na madrugada, além de famílias curitibanas, também ocuparam o espaço imigrantes venezuelanos e pessoas de outros Estados. Apesar da temperatura – a madrugada registrou 5 graus na capital – havia mães com filhos nos braços e idosos na ocupação.

Rapidamente os ocupantes ergueram barracos de lona e, em assembleia, decidiram que iriam permanecer no terreno. “Muita gente acha que estamos invadindo, mas existe lei, esse terreno aqui é destinado para moradia e não tem moradia, então o que temos aqui são trabalhadores e trabalhadoras tentando encontrar um lugar para sua família”, explicou Thayna Manente de Souza, que também estava na organização.

Reação

Logo após a chegada do MTST equipes da Polícia Militar (PM) chegaram. As viaturas foram posicionadas em frente ao terreno o os acessos ao endereço passaram a ser controlados alguns quilômetros antes nos dois sentidos.

De acordo com o capitão Goulart a ocupação é um ato ilícito. “Estamos em situação de flagrante porque este é um terreno particular. Vamos continuar monitorando”, disse o oficial.

Uma empresa de segurança privada, a serviço da Piemonte, também enviou equipes para o local para evitar que o terreno ao lado – que é da mesma empresa – também fosse ocupado.

Ao Plural a empresa falou, por meio de nota, que “é a legítima proprietária do terreno e permanece com seus direitos resguardados sobre a propriedade. Salientamos ainda, que no momento da invasão, o terreno se encontrava devidamente cercado e com identificação de propriedade particular. Outrossim, informamos que já foram tomadas as ações necessárias e aguardamos a decisão judicial para que a reintegração seja realizada de forma organizada e pacífica, garantindo a segurança de todos os presentes e a ordem pública”.

Nas primeiras horas da manhã membros do MTST dificuldades em entregar suprimentos para as famílias que estão na ocupação, por conta dos pontos de bloqueio feitos pela PM.

Sobre o/a autor/a

3 comentários em “Curitiba: famílias integrantes do MTST ocupam terreno no Campo do Santana durante a madrugada”

  1. Fazer caridade com dinheiro e bens dos outros é fácil.
    O dono legítimo do terreno, que comprou, pagou pelo terreno e pagou os impostos, porquê ele deve ser prejudicado? Ele está dentro da legalidade, quem está ilegal é quem invadiu.

  2. CLECIMAR ÁLVARES DA SILVA

    Boa tarde se o TERENO ESTÁ FAZIU PORQUE ENTÃO, VOCÊS QUE SE DIZEM DA PLURAL.JÁ TEVERIAM TER CONSTRUÍDO CASAS PRE FABRICADAS NUM PREÇO ACESSÍVEL A TODOS QUE NÃO TEN.COMO PAGAR ESTES ALUGUÉIS ABSURDOS, ???EU SEI PORQUE??SÃO GANANCIOSOS ,MAS SE UMA CONSTRUTORA FOR COMSTRUIR CASAS COM CERTEZA ALTÔ PATRÃO ,VOCÊS ESTENDE. TAPETE VERMELHO PARA OS RECEBER (SAO IPOCRITAS)…

  3. Jonatas Cerqueira

    Antigamente era mais fácil conseguir um lugar para morar, mas depois que começou o programa de financiamento pelo banco Caixa as imobiliárias pararam de vender diretamente e o que aconteceu foi o óbvio, famílias de baixa estabilidade financeira não conseguem comprar e vão empobrecendo cada vez mais ao ponto de não conseguir nem pagar aluguel. Ou o povo luta por seus direitos ou compra uma pá e cava um buraco para se enterrar. Repito uma das frases mais lindas e inspiradoras de nossa pátria “Independência ou morte!” Não sou a favor da perda do patrimônio, mas que em casos como este o governo regularize. Também fiscalize os cadastros porque tem muito espertinho que vive só de invasão em invasão lucrando. Aí eu discordo

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