Colombiano baleado por guarda municipal teve alta, diz Conselho da Comunidade

Conselho da Comunidade diz que FAS não está providenciando atendimento, mas Fundação nega negligência

O caso de um rapaz colombiano baleado pela Guarda Municipal de Curitiba no último dia 2 continua levando a contestações sobre o serviço público municipal. Primeiro, a atuação do guarda foi questionada pelo uso de arma letal. Agora, a crítica chega também à Fundação de Ação Social (FAS), responsável pelo atendimentos ao jovem baleado depois da saída do hospital.

O Conselho da Comunidade de Curitiba, responsável pelo acompanhamento da execução penal, afirma que o jovem baleado teve alta hospitalar nesta quarta (14). Ele passou 12 dias internado depois de ser atingido no abdome por uma arma de fogo – o guarda municipal envolvido no caso diz que isso foi necessário para conter o jovem que estaria causando confusão na Rodoviária.

No entanto, a presidente do Conselho, Waleiska Fernandes, afirma que a FAS não estaria providenciando um lugar onde o rapaz possa se recuperar adequadamente – ele e os três amigos colombianos estão sendo investigados pela Polícia Civil pela “confusão” na Rodoferroviária” e não podem deixar momentaneamente o país. Curiosamente, era isso que eles tinham ido fazer na Rodoferroviária: os quatro buscavam a Casa da Acolhida e do Regresso, da FAS, para conseguir passagens de volta para seu país.

Em nota enviada ao Plural, Fernandes afirma que “o rapaz baleado teve alta hoje (14) do hospital e requer cuidados especiais, mas não tem lugar para ficar até agora, já que a FAS informa que só tem casa de passagem para pernoite e não para repouso diário. Além disso, ele segue sem tornozeleira eletrônica (já que não foi levado pela GM para colocar), o que pode resultar num mandado de prisão por descumprimento de medida cautelar”.

Os outros três jovens, levados já no dia 2 para a Delegacia, estão com a tornozeleira, mas o Conselho diz que eles se perderam uns dos outros e atualmente ninguém saberia do paradeiro de dois deles.

Para a FAS, não há qualquer erro no atendimento aos jovens colombianos. Procurada pelo Plural, a Fundação respondeu com uma nota em que diz não ter sido informada da alta do rapaz e diz que, quando isso acontecer, providenciará abrigamento para ele.

Leia a nota na íntegra:

Todas as pessoas que encontram-se em situação de rua e em situação de vulnerabilidade social, independente da sua nacionalidade, são atendidas e acolhidas pelos serviços da Política da Assistência Social de Curitiba, coordenada pela Fundação de Ação Social (FAS).

A FAS possui unidades de acolhimento, oficiais e parceiras, que oferecem atendimento para esse público, de acordo com o perfil de cada usuário.

Entre essas unidades está a República para a Família Migrante, localizada no Alto Boqueirão e que oferece 20 vagas de acolhimento para estrangeiros.

A Casa para a Família Migrante, assim como as unidades de acolhimento institucional (UAIs) e as casas de passagem oferecem atendimento 24 horas, com oferta de dormitório, alimentação, local para higiene, distribuição de roupas e itens de higiene, além de atendimento e atividades que visam a saída das ruas.

Quanto ao acolhimento de pessoas que estavam internadas em hospitais, a FAS informa que oferece atendimento para aquelas que recebem alta médica e não exigem a continuidade de cuidados de saúde. Isso porque as unidades de acolhimento, de acordo com a política de assistência social, não possuem equipes de saúde.

Esse atendimento é feito de acordo com fluxo de desospitalização firmado com a Secretaria Municipal da Saúde e que determina que os hospitais façam oficialmente a solicitação da vaga, por meio de envio de email, informando o perfil médico.

Até o momento a FAS não recebeu nenhum pedido de desospitalização do paciente em questão.

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