Amigos destacam gentileza de Gil Rocha, jornalista morto nesta sexta aos 63 anos

Conhecido por sua passagem pelo Globo Esporte, jornalista comandava a CBN Curitiba desde 2021

Os ouvintes da Rádio Paiquerê talvez tenham estranhado o tom de voz do enviado especial à Copa do Mundo do México em 1986. Falando direto de Guadalajara, em sua primeira cobertura de mundial (seriam várias), o repórter Gil Rocha falava mais baixo do que o costume. O motivo: ele não queria acordar os colegas de quarto.

A história foi contada neste sábado (1) por Luiz Augusto Xavier, comentarista esportivo, na Rádio CBN Curitiba como parte das homenagens da Gil Rocha, que faleceu na sexta (30) aos 63 anos. Gil não resistiu a um cateterismo feito num hospital de Curitiba para desobstruir uma artéria.

Xavier, que trabalhou com Gil Rocha em mais de uma ocasião, estava no mesmo quarto de onde era feita a transmissão em Guadalajara, e diz que a voz baixa era um indício do caráter do colega. “O equipamento ficou no quarto em que estávamos eu e o Sicupira, que era meio mal humorado de manhã. Ele batia bem baixinho na porta, porque com o fuso ele entrava no ar às 6h30. E depois falava baixinho para não incomodar.”

A gentileza foi uma das características mais mencionadas nos depoimentos dados à CBN, rádio em que ele dirigia o jornalismo desde a compra por Amarildo Lopes, um ex-colega de rádio em Londrina. Além da rádio, Gil Rocha apresentava atualmente um programa esportivo na CNT. Mas a maior parte dos paranaenses provavelmente ainda associa seu nome à RPC e ao Globo Esporte, onde passou a maior parte de sua carreira.

“Nunca vi o Gil levantar a voz”, conta o ex-colega de tevê Sandro Dalpícolo, hoje na Rede Massa. Em seu depoimento à CBN, Sandro disse que, pelo contrário, nas situações em que outras pessoas levantariam a voz, ele baixava.

Nascido em Siqueira Campos, no Norte Pioneiro do Paraná, filho de pequenos comerciantes, Gil Rocha começou a carreira aos 15 anos como rádio-escuta, ajudando os repórteres com informações sobre os jogos. Aos 21, se formou em Jornalismo na UEL, em Londrina.

Em um depoimento, contou que atrasou a formatura em um semestre porque trabalhava na época cobrindo o Londrina, que em 1977 chegou à semifinal do Campeonato Brasileiro – e para poder fazer a cobertura ele teve que viajar pelo país.

Na RPC, criou o Departamento de Esportes, do qual foi gerente, e apresentou o Globo Esporte. Colegas elogiam a maneira como ele tocava o trabalho. ‘Trabalhar com o Gil era ter oportunidades”, disse à CBN Jason Goulart, hoje na RIC. “Eu já estava como apresentador e um dia ele me perguntou se eu queria narrar jogos. Era meu sonho”, Jason disse.

Casado com a repórter Anna Zimmerman, da RPC, há muitos anos, Gil deixa três filhos. Um deles, Lucas Rocha, filho do primeiro casamento, seguiu o caminho do pai como jornalista e hoje é apresentador na Rede Massa.

O velório acontece na capela Vaticano até às 14h30. O sepultamento será no Cemitério Jardim da Paz às 16h.

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3 comentários em “Amigos destacam gentileza de Gil Rocha, jornalista morto nesta sexta aos 63 anos”

  1. Reinaldo C Neto

    Muito triste. Era carismático, mesmo sendo discreto. Passava uma impressão muito tranquila e positiva, e além de muita credibilidade. Lendo os testemunhos dos colegas, deu pra confirmar a ótima imagem, de que ele era realmente uma pessoa muito boa. Pena, uma grande perda.

  2. RENATO BATISTA BIONDI

    Tive a oportunidade de trabalhar com o Gil, ainda que à distância (eu no interior e ele em Curitiba) na RPC. De fato a gentileza era uma marca nele. Ótimo colega e excelente profissional.

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