97 araucárias são derrubadas por construtora em Almirante Tamandaré

Espécie símbolo do Paraná é ameaçada de extinção; desmatamento teve autorização do IAT

Em uma área próxima à Rua Vereador Wadislau Bugalski, 7575, no Jardim Marize, em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), 97 araucárias – árvore símbolo do Paraná ameaçada de extinção – estão sendo derrubadas pela construtora Monte Everest Empreendimentos Imobiliários.

Imagem: Reprodução/Google Maps.

Procurada pelo Plural, a empresa afirmou, por meio de nota, que “segue rigorosamente todos parâmetros legais municipais, estaduais e federais”. No caso do terreno localizado em Almirante Tamandaré, a Monte Everest disse que possui as “devidas autorizações dos órgãos competentes”.

A empresa não esclareceu, no entanto, qual a dimensão da área desmatada nem o que será construído no local. 

O Instituto Água e Terra (IAT), responsável pela concessão, informou à reportagem que recebeu denúncias sobre o caso, mas que, além de ser uma área particular, o derrubamento “foi autorizado pelo órgão por se tratarem de pinheiros plantados para utilização em empreendimento imobiliário”. Isso significa que o terreno será posteriormente utilizado para fins habitacionais, industriais ou comerciais.

Nem a construtora nem o IAT disponibilizaram os documentos de autorização ao Plural.

Vídeo mostra uma árvore da espécie sendo derrubada.

Diversas denúncias sobre o desmatamento das araucárias no município foram recebidas pelo Batalhão de Polícia Ambiental Força-Verde (BPAmb-FV), da Polícia Militar. De acordo com a 1º Tenente Maria Cecilia Rodrigues, uma equipe do Batalhão constatou que a construtora Monte Everest, proprietária da área, realmente teria a autorização junto ao IAT “para o corte de 97 pinheiros, tidos como floresta plantada”. 

Queixas também foram feitas ao Ministério Público do Paraná (MPPR) que, até a conclusão desta reportagem, não retornou os contatos do Plural

Uma fonte, que prefere não ser identificada, diz que realizou duas denúncias, uma ao IAT e outra ao MPPR. Ao contatar a Polícia Ambiental para acompanhar a queixa, lhe foi informado que “crime ambiental não tem prazo para atender”. “Falaram que não precisava me preocupar, pois eles fazem o reconhecimento posterior do desmate com imagens de satélite.”

No Paraná, o Parque Nacional dos Campos Gerais conta com uma área de 21.286 hectares de araucárias, espécie associada ao bioma Mata Atlântica. Uma pesquisa publicada na revista Global Change Biology, em 2019, estima que atualmente a floresta de araucárias ocupa 3% de sua área original, estando em risco crítico de extinção. O estudo prevê o fim da espécie até 2070 caso nenhuma estratégia de conservação seja adotada.

De acordo com o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, em 2019, o Paraná foi o terceiro Estado que mais desmatou o bioma. Foram 2.049 hectares desflorestados. A pesquisa revelou um aumento de quase 30% no desmatamento do ecossistema, com uma perda total de 14.500 hectares de floresta no país, comparado com o período anterior (2017-2018).

Reportagem sob orientação de João Frey

Sobre o/a autor/a

7 comentários em “97 araucárias são derrubadas por construtora em Almirante Tamandaré”

  1. Eu cresci na propriedade à frente desta grande área devastada. Esses pinheiros eram enormes, centenários. Davam enormes pinhas, e bioma da gralha azul. 4 pessoas pra abracá-los. Absurdo o q fizeram.

  2. Em 2018 na rua dos contabilistas com a rua capitão Leônidas marques no Uberaba envenenaram 18 pinheiros e posteriormente derrubaram ….pasmem derrubaram em um dia e carregar tudo sem deixar vestígios chamamos todos os órgãos que pudemos…. filmaram fizeram entrevistas e tudo mais nunca foi ao ar ….
    Aí veio um fiscal da prefeitura e me aconselhou a não publicar nada mas redes sociais que se não ia sofrem consequências que pessoal envolvido era gente graúda ….
    Infelizmente este ano envenenaram os outros 3 pinheiros que restas já tem até projeto da obra …. E nada vai ser feito …. Pessoal sem escrúpulos ganância sem igual o mundo está cada vez pior

  3. Inadmissivel essa ação e a postura dos orgãos responsaveis e da construtora …como podem agir assim e ficarem tranquilos com o crime praticado? se o IAT autorizou isso que MOSTRE, caiu toda a minha credibilidade nesse Instituto… à Construtora creio que a unica pena admissivel é: replantar as AUARCARIAS e aguardar para construirem qualquer coisa em qualquer local daqui pra frente até as ARAUCARIAS REPLANTADAS chegarem ao tamanho das que eles cruelmente e insanamente derrubaram… MALDITOS… não sabem fazer projetos sem danificar o meio ambiente? Contratem um arquitetos engajados com o meio ambiente … ridiculos, qq empreednimento imobiliaros vale muito mais com uma area verde disponivel… MALDITOS… crime inafiançavel… se TREJM A AUTORIZAÇÂO QUE MOSTREM AFINAL QUEM NAO DEVE NÂO TEME

  4. João Teixeira da Cruz

    Lamentavel. Quem é pago pra cuidar do meio ambiente passou a acelerar e a oficializar a degradação. Esse é o maior problema ambiental da Região Metropolitana de Curitiba.

  5. Marcos Rosa Filho

    “Falaram que não precisava me preocupar, pois eles fazem o reconhecimento posterior do desmate com imagens de satélite.”

    Isso é piada né?
    Depois da derrubada e um semestre de comparação com o satélite daí por mágica as 97 araucárias voltam do mundo invertido?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima