Em seis meses viramos uma Argentina e em um ano e meio viramos a Venezuela, vaticinou aquele Nostradamus de meia-pataca que disse que iria vender algumas cadeiras quebradas de prédios públicos e arrecadar 760 trilhões de reais para os cofres do governo – dinheiro muito bem vindo para o Centrão evitar o impeachment de Bolsonaro. Não viramos, mas quase viramos o Níger ou o Gabão por obra de militares mumificados que arrastavam suas ataduras pelas sombras do GSI. Escapamos por pouco, mas por muito pouco de um golpe naquele triste 08/01. Ali começou 2023.
Desenhar charge política é demasiadamente doloroso, física e mentalmente. O resultado pode ser divertido, mas o processo é complicado – ou você tem uma hérnia de disco ou uma úlcera nervosa, não dá para escapar. O chargista é uma espécie de Jacques Cousteau, que ao invés de mergulhar em alto mar mergulha nas fossas e galerias de esgoto da política. Volta e meia saímos com um “sorete” grudado na perna, sorrindo como um emoticon.
Neste ano que voou como um shuriken em minha carótida tentei evitar ao máximo desenhar o Bolsonaro e o Lula. O Lula porque não quero a extrema-direita usando meus desenhos para promover ataques contra a democracia. E o Bolsonaro porque não tenho mais estômago para isso. E como já é tradição no melhor jornal de Curitiba, segue uma seleção das melhores charges publicadas aqui, no Plural, e na Folha de S.Paulo. Os temas são os mesmos dos anos anteriores, infelizmente: racismo, guerra, políticos corruptos e pessoas fazendo papel de ridículo diante do mundo.