Câmara de Curitiba mantém perfil masculino e conservador

Reeleitos foram 20; mulheres estão entre as mais votadas mas ainda são minoria no Legislativo municipal

Dos 38 candidatos eleitos para o Poder Legislativo de Curitiba, 20 já eram da Casa. O curitibano reelegeu em massa e manteve o padrão dos últimos quatro anos: uma câmara mais à direita, conservadora e predominantemente masculina.

Foram 942.467 mil votos válidos, sendo 7,08% nulos e 8,85% brancos. O Partido dos Democratas (DEM) terá o maior número de vereadores (5), seguido pelo PSD (4). PSL, PDT e PT levam, cada um, três cadeiras. Novo, Republicano, Pode, Solidariedade e PP terão dois representantes cada. O restante dos partidos elegeu um candidato.

Apenas oito mulheres foram eleitas para a Câmara de Curitiba, o que representa 21% das cadeiras. Dentre elas estão Carol Dartora (PT), a primeira mulher negra a compor o Legislativo municipal, a terceira no ranking da eleição da Casa, com 8.874 votos, e Indiara Barbosa (Novo), a candidata a vereadora mais votada nas eleições municipais de Curitiba neste ano, com 12.147 votos.

Representatividade feminina

“Ainda assim, a representatividade é muito baixa. Existe a ideia de que o lugar das mulheres é no espaço privado, e o do homens no espaço público, então elas têm muita dificuldade em acender aos cargos de poder”, afirma a doutora em Ciência Política pela UFPR, Daniela Drummond. “Mesmo as mulheres que participam da política costumam lidar, ter dificuldades e sofrer críticas que não são feitas para um homem. Se julgam as roupas, o comportamento, se perguntam como conciliam família e trabalho; ninguém pergunta isso para um homem.”

A cientista lembra que, mesmo dentro dos partidos, as mulheres ficam em segundo plano. “Existe uma dificuldade em angariar mulheres para se candidatar aos cargos públicos, pelos valores culturais machistas. Elas reclamam de dificuldades dentro dos partidos, de serem ouvidas e tratadas como protagonistas. Mas mesmo com tanta dificuldade, é importante perceber que há uma mudança lenta, mas em andamento, delas terem suas pautas ouvidas e suas representantes.”

Daniela avalia que, mesmo havendo problemas com candidaturas-laranja envolvendo as cotas para mulheres nos partidos, elas ainda são necessárias para permitir mudança de pensamento e ocupação do espaço público pelas mulheres. “Também é importante perceber que tem mulheres de sobrenomes conhecidos da política, mas também já temos pessoas novas, o que realmente é uma renovação, e pautas mais diversas”, destaca.

“Para o Executivo, é mais difícil ainda. Muitos partidos colocaram mulheres de vice, mas para prefeito homem”, diz. De todas as 29 cidades que compõem a Região Metropolitana de Curitiba, apenas três serão comandadas por mulheres em 2020.

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