Sem Maria Rafart, o rádio fica menos inteligente

Programa de jornalismo ficou ao ar por 18 anos, e chegou ao fim nesta semana

Durante dezoito anos, quem ligava o rádio de manhã cedo em Curitiba podia escolher sintonizar num programa que misturava notícias, entrevistas e colunas de gente muito bacana, como Marden Machado, Clovis Gruner, Maria Marta Ferreira e Paulo Biscaia Filho. À frente de tudo isso, estava Maria Rafart.

O programa ao longo dos anos passeou pelo dial, mudando duas vezes de emissora, mas manteve o formato. Acabou se transformando em um clássico das manhãs curitibanas. Mas nesta sexta-feira chegou a hora da transmissão final. Maria Rafart, com sua voz imponente e os cabelos grisalhos que faz questão de exibir, aposentou os fones. Agora, quem quiser segui-la, só na Internet.

Ao longo dos últimos três anos, Rafart, que também é psicóloga, fez uma transição silenciosa. Começou a responder dúvidas de internautas em vídeos nas redes sociais. Descobriu um novo caminho e foi cada vez mais se voltando para isso. A partir desta semana, estará on-line atendendo algumas das mais de cem pessoas que a procuram diariamente em busca de todo tipo de aconselhamento.

Teu programa ficou no ar em diferentes rádios durante quase duas décadas. Virou um clássico local. Por que você decidiu parar?

No grupo Rádio Rock (96 e depois 91 Rock), fiquei 8 anos. Na Transamérica Light, 10 anos. Como âncora, já realizei mais de 15 mil entrevistas, todas ao vivo. É muito tempo mesmo, muito conteúdo. Recebi nestes últimos dias de transmissão mensagens com o testemunho de pessoas que iam ao trabalho ou escola diariamente escutando o programa, interagindo com a gente, e que tiveram suas vidas impactadas pelo que ouviram lá.

Preparei minha saída por três anos. Sempre tive outras atividades, que coexistiam com meu trabalho em rádio: sou professora de Psicologia Judiciária há 9 anos na Esmafe, era professora universitária, e atuo em meu consultório de Psicologia. Minhas postagens de vídeos em redes sociais começaram a fazer muito sucesso, e percebi que grande parte de meus seguidores nem sabia que eu tinha um programa de rádio. As pessoas me conhecem como Psicóloga mesmo. Foi um sinal de que deveria mudar. Pedi demissão da universidade onde dava aulas, e decidi me desligar do programa. Fui preparando dentro de mim essa transição, só minha filha e meu noivo sabiam.

Uma das características do programa sempre foi ter colunistas bons e discutir assuntos com mais profundidade. Anda raro isso no rádio. Existe espaço pra esse tipo de jornalismo ainda?

Para mim, há dois tipos de jornalismo: o simples “delivery” de notícias, sem reflexão (e desse eu sempre quis passar longe), e aquele reflexivo, profundo, que faz pensar, e instiga a mudança e o raciocínio crítico. Sempre haverá lugar para ele. A prova é meu programa.

Você ao longo desse período foi mudando também, construiu outras atividades e outras carreiras. Como deve ser tua vida agora?

Continuo mais Psicóloga do que nunca: sigo com meu consultório, agora on-line, pois a maior parte de meus pacientes é de fora. Também transformei meu conhecimento num curso on-line de inteligência emocional que tem mais de dois mil alunos. As redes sociais amplificaram meu alcance – mas também exigem muito tempo, coisa que terei, depois de “recuperar” as quatro horas diárias que eu dedicava à rádio (além do meu sono, já que eu acordava às 4h10!)

Como não tenho mais a obrigação diária de estar em um determinado lugar, posso trabalhar de onde quiser, um sonho de consumo.

Teu lado psicóloga tem feito sucesso nas redes sociais. Parece um pouco de consultório sentimental, mas é bem mais do que isso. Explica como funciona?

O aconselhamento que dou apazigua o coração de muitas pessoas. Eu oriento, esclareço, tudo com base em conhecimentos de Psicologia. Sem chutômetro. Recebo mais de uma centena de mensagens diárias, por trás de cada uma tem uma pessoa que precisa de orientação, que está perdida em alguma questão importante de sua vida. Uma delas se transforma em vídeo, que posto a cada dia, e as demais eu respondo no direct, por áudio ou por escrito. Psicologia a gente deve fazer com amor. Eu produzo todo esse conteúdo de forma voluntária. Também respondo a muitas caixinhas em stories, todas com o mesmo tipo de demanda.

Quem quiser te acompanhar agora tem que fazer pelas redes sociais? Quais são os caminhos?

Basta dar um google com meu nome, Maria Rafart – risos . Estou no Instagram, no Facebook, no Twitter, YouTube, e no Tik Tok – mas sem dancinha.

Sobre o/a autor/a

16 comentários em “Sem Maria Rafart, o rádio fica menos inteligente”

  1. Errata: Interessante que a transamérica light deixou de existir, será que ela saiu porque quis mesmo ou já sabia que ia ser chutada…. O programa valia a pena por causa dos convidados e não por causa dela, ela era estúpida, tendenciosa, arrogante e não vai fazer falta. Uma pena o programa acabar mas é um alívio não ouvir mais a voz dessa mulher.

  2. Interessante que a transamérica light deixou de existir, será que ela saiu porque quis mesmo ou já sabia que ia ser chutada…. O programa valia a pena por causa dos convidados e não por causa dela, ela era estúpida, tendenciosa, arrogante e não vai fazer falta. Vou sentir falta porque acompanhei desde o começo mas vou sentir alivio de não ouvir mais a voz dessa mulher.

  3. Ozeias Ramos de Oliveira

    Todo mundo que tem personalidade e inteligência ,não passa despercebida,
    ou se ama ,ou se odeia. Assim era Maria Rafart. Estamos nos sentindo orfãos da sua voz, do seu carrisma,e principalmente da sua franqueza.

  4. Luis Fernando Coracini

    Arrogante e agressiva.
    Minha esposa a encontrou no shopping e de passagem, comentou ouví-la há mais de 10 anos: nem olhou para o lado. Dona da verdade. Tratava mal os ouvintes que discordavam de suas opiniões.

  5. ela era totalmente dispensável. triste é perder os comentaristas de qualidade (a quem ela geralmente atrapalhava…) como o Mardem, o prof. Mocelin, o Marcos Meyer e o filósofo Jelson. ela pode ir pra onde quiser…

  6. Para mim e para muitos sim, uma pena, mas Maria Rafart siga seu caminho, seu coração!!!

    Levará seguidores, admiradores e nos leve contigo sempre! Assim como todos os comentaristas amados!

    Sucesso, como sempre, em tudo o que faz!
    Parabéns!!!

    Carolina Puzippe

  7. Sempre ouvia o programa, participava enviando mensagens, gostava dos convidados, num belo dia a apresentadora falou uma temperatura totalmente diferente da que ouvi de uma emissora de tv, resolvi compartilhar através de uma mensagem, achei que serviria até como alerta, porém para meu espanto, minha participação foi interpretada como provocação e a apresentadora foi extremamente agressiva e arrogante comigo, me destratou e disse que a temperatura ela tinha visto no carro dela que era da marca tal, modelo tal e que se eu quisesse acompanhar outras emissoras que ficasse à vontade. No mesmo instante enviei outra mensagem explicando que por ser da área da informação, considerava importante citar a fonte do que havia dito, por isso falei de onde vinha a informação sobre a temperatura, que de modo algum minha intenção era de provocação.
    Minha resposta não voltou a ser lida no programa e desde então nunca mais voltei a ouvir a tal emissora. Considero essa pessoa extremamente arrogante e despreparada para lidar com qualquer tipo de público.

  8. Jesomir Uba Filho

    Olá!
    Escutei por muitos anos o programa, adoro ele…
    Mas como o som as vezes nos trai!
    Tinha uma ideia muito diferente do rosto da apresentadora, totalmente diversa.
    Achava que eram cabelos bem cinza com mexas brancas, face afilada e grandes lábios.

  9. Ela trabalha na base do chutometro sim,faz umas análises extremamente tendenciosas,deixei de segui la depois que notei isso,e no rádio nunca nos fez falta,vai tarde,Boa sorte a ela!!

  10. Sheila Afornali Depiné

    O Programa deixará muitas saudades… Faz 13 anos que conheci meu esposo por causa do Programa da Maria!
    Somos ouvintes desde o 96 Rock e a acompanhamos nas redes sociais! Nossas manhãs não serão mais as mesmas!

  11. José Andrade de Oliveira

    O rádio sempre foi de direita, a gente ouvia porque não tinha opção, hoje na internet temos opção de ouvir pessoas com quem nos identificamos.
    O Leonardo Stoppa mesmo tem mais audiência que a Bandnews.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima