A curadoria das plataformas de streaming, unida às lives e a possibilidade de interação das redes sociais: essa é a proposta da Innsaei.TV, uma plataforma brasileira de streaming que abarca diversos segmentos do audiovisual.
Os usuários podem assistir longas, curtas, séries, festivais de cinema e shows. Além dos diversos tipos de conteúdo, as formas de pagamento também são amplas: aluguel, ingresso, conteúdo aberto, assinatura. Tudo depende do tipo de produto audiovisual que você quer consumir.
Lançado em agosto deste ano, o projeto ainda não conta com uma ampla base no acervo, e deve manter o foco – em 2020 – nos festivais de cinema. “A gente acabou dando maior enfoque para atender os festivais, mas mesmo assim estamos lançando. Nossas estreias são às quintas-feiras – sempre um filme novo, ou dois; e em novembro vamos abrir outros canais”, afirma Bia Ambrogi, uma das idealizadoras do projeto.
Além de Bia, também compõem o time de fundadores da Innsaei.TV: Fernanda Senatori, Juliana Lira, e Roberto Lima. Todos têm experiência na área de produção audiovisual e vivenciam as dificuldades do mercado. “Há muitos filmes parados, que não estão em lugar nenhum. Acho que esse espaço consegue agrupar, fazer o movimento de todo esse conteúdo que está parado por questões burocráticas, falta de janela [de exibição]…”, afirma Bia.
Uma janela aberta
A plataforma quer ser uma possibilidade de exibição para a produção audiovisual brasileira, que muitas vezes tem dificuldade em encontrar vitrine. Muitos filmes não estreiam por falta de espaço, e mesmo depois de serem exibidos, os conteúdos ficam parados no limbo, sem poderem ser vistos pelo público.
As dificuldades – que deixam essas produções inacessíveis – vão desde burocracia, passando por negociações, problemas de tecnologia, até o medo da pirataria e o descaso com a ficha técnica das obras. Como uma plataforma desenvolvida por produtores do meio, a Innsaei.TV quer construir uma dinâmica melhor de mercado, resolvendo alguns desses problemas.
“Não adianta ser um prêmio de consolação”, diz Bia. Para a idealizadora, é preciso haver uma troca boa para todos: conteúdo de qualidade para quem assiste, e o acolhimento da obra dos produtores. A ideia é, também, convidar os realizadores do meio para fazer, em conjunto, a curadoria da plataforma – que segmenta seus conteúdos por canais.
Até o começo de 2021, os usuários poderão navegar por temáticas específicas, pensadas para ampliar a diversidade de conteúdos. Haverá produções de mulheres; obras feministas; filmes de realizadores negros; e conteúdo voltado à comunidade LGBTQIA+.
Festivais
O projeto foi idealizado em 2017, mas só tomou corpo em 2020, antes da pandemia. A proposta já contemplava uma estrutura para a realização de versões on-line de festivais de cinema. “Eu consigo ir em dois, três festivais no máximo, ao ano”, afirma Bia ao destacar que a ideia, que acabou se tornando o carro-chefe da Innsaie.TV, surgiu pensando em ampliar o encalce dos eventos.
Quando o coronavírus veio, a plataforma já tinha tudo pronto e pensado: limitação de views; estrutura para votação; bloqueio de conteúdos por geolocalização; possibilidade de criar mostras divididas em sessões, por categorias e horários; estrutura para lives com realizadores; proteção anti-pirataria. “Toda a dinâmica de um festival no ambiente on-line”.
Desde agosto, dois festivais fizeram suas exibições com a plataforma: o Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo, e o Florianópolis Audiovisual Mercosul (FAM). Em outubro será a vez do Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul.
Outros cinco festivais, entre eles o Mix Brasil e o Festival Internacional de Mulheres no Cinema, devem entrar na programação da plataforma em novembro. “A gente tem a meta de fazer a maior quantidade de festivais possíveis”, comenta Bia.
Um olhar para dentro
“Innsaie” é uma palavra de origem islandesa que, entre muitos significados, remete à introspecção, ou olhar para dentro de si. “Com isso você consegue ter insights sobre o que é interessante e também se colocar no lugar dos outros. […] Quando criei o projeto da plataforma, achei que tinha tudo a ver”, afirma a idealizadora.
De fato, mais do que abrir espaço para que as produções audiovisuais brasileiras possam ser vistas, o projeto quer – a longo prazo – poder reinvestir no mercado brasileiro.
Atender festivais menores, abrir editais, promover produções e realizar prêmios são algumas das ações na lista de vontades do projeto. A Innsaie quer “promover alguma ação que retorne para a sociedade, para o fomento da cultura do Brasil”.
Por ser on-line, a plataforma é mundial e poderá, eventualmente, abrir espaço para conteúdos estrangeiros. No entanto, o foco é – como uma plataforma brasileira – atender e fomentar o mercado nacional. “Falta na nossa produção, na nossa cultura, um espaço nosso – acho que é essa a identidade que estava faltando aqui para o mercado brasileiro”, reforça a produtora.
Enquanto o catálogo não cresce, os amantes do cinema podem aproveitar para conferir os festivais que tentam “não pular” 2020, por conta da pandemia, e conferir algumas obras nacionais já disponibilizadas.
Streaming
O catálogo e os próximos festivais disponibilizados pela Innsaie.TV, bem como os valores para cada conteúdo, podem ser conferidos no site da plataforma.