Grupo Suraras do Tapajós apresenta show inédito em Curitiba

A artista Val Munduruku fala sobre a busca do empoderamento das mulheres indígenas no trabalho do grupo feminino de carimbó

As Suraras do Tapajós fazem temporada inédita em Curitiba com shows de quinta-feira a domingo (2 a 4 de novembro), no Teatro da Caixa Cultural. O grupo, o primeiro feminino indígena de carimbó no Brasil pela cidade, já esteve em palcos como o do Coala Festival, Virada Cultural de São Paulo, Festival Amazônia de Pé, entre outros, além de entrar na programação online do Rock in Rio. Essa trajetória poderia ser a escada para o sucesso de uma banda da moda, mas para essas artistas é muito mais, é levar aos olhos e ouvidos do mundo a resistência dos povos originários e o protagonismo das mulheres.

Carimbó

O carimbó é um ritmo tradicional paraense que nasceu da miscigenação da cultura indígena, representado por instrumentos como o curimbó e a maraca, com a negra, que acrescentou o batuque, conta a integrante do grupo Val Munduruku. “As composições retratam o cotidiano dos povos tradicionais amazônicos e dos movimentos cíclicos da natureza, fauna e flora, como a colheita, pesca, animais, fases da lua, enchente e vazante dos rios e marés”.

A força das indígenas

Surara significa guerreiro ou guerreira em nheengatu, língua dos povos do Baixo Tapajós, e o plural da palavra seria surarai-tá, mas não foi ao acaso que o nome do conjunto foi escolhido. “Adotamos suraras porque somos chamadas assim pelos não indígenas”, explica a artista.

E o repertório delas mostra a guerra que enfrentam em composições próprias, criadas coletivamente e com a participação de colabores regionais. Assumiram a missão de fortalecer e empoderar as indígenas cantando, tocando e dançando para mostrar o trabalho da mulher como protagonista nas lutas e nas artes dos povos originários: “Sendo inspiração para tantas outras, para que cada vez mais possamos ecoar nossas mensagens em outros territórios.”

As Suraras

A maioria das Suraras do Tapajós são dos povos Borari e Munduruku. São 14 artistas no total, porém só 7 ou 8 vão aos palcos durante as turnês, conforme a disponibilidade nas agendas. No show em Curitiba, além de Val, estarão Carol Arara, Jacira Borari, Samara Borari, Adelina Borari, Leila Borari, Amália Borari, e Estefane Galvão.

O show inédito na cidade, segue o formato dos apresentados em outros locais. As saias artesanais grandes e coloridas se desdobram no ar enquanto giram durante a dança, que se soma ao movimento do público, e destacam o corpo como elemento fundamental. O som vem das maracas, feitas de cuia, dos curimbós, do banjo ou violão, e dos arranjos vocais com solista e coro. Ainda segundo a artista, a apresentação faz um convite para que a plateia dance e interaja com as integrantes, enquanto conhece um pouco das lutas da realidade delas e de seus povos. “É uma oportunidade para mostrar nosso trabalho, nossa cultura e resistência”, diz Val.

Show Suraras do Tapajós

De quinta-feira a sábado* (2 até 4 de novembro), às 20h, e domingo (5 de novembro) às 19h; na Caixa Cultural Curitiba (Rua Conselheiro Laurindo, 280 – Centro). Ingressos à venda na bilheteria do teatro, a partir de R$ 10 (meia). Classificação livre e duração de 90 minutos.
Também haverá um bate-papo após a sessão de quinta-feira (2), um encontro com coletivos indígenas na sexta-feira (3), às 15h, e uma oficina de carimbo no sábado (4), das 14h às 17h.

* Sessão com acessibilidade.

O patrocínio do show é da Caixa e do Governo Federal. Outras informações no site www.caixaculturalcuritiba.gov.br.

Sobre o/a autor/a

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima