Exposição reinterpreta o acervo do Museu Paranaense

"Objeto Sujeito" reúne trabalhos de 12 artistas brasileiros contemporâneos no MUPA

Está em cartaz “Objeto Sujeito”, que reúne obras 12 artistas brasileiros contemporâneos dialogando com o acervo histórico do Museus Paranaense (MUPA). A exposição é realizada por um coletivo curatorial, composto por Felipe Vilas Bôas e Richard Romanini, da equipe do museu, e Pollyana Quintella, curadora convidada. A mostra busca promover uma reflexão necessária de descolonizar o pensamento, de construir novos saberes e olhar para o futuro por meio das artes.

Assim, “Objeto Sujeito” é uma incursão na trajetória do MUPA e sua relação com eventos históricos locais e nacionais, que ganham novas camadas de interpretação e sentido no presente. São mais de 140 itens do acervo postos em diálogo com obras, em sua maioria inéditas, de Arthur Palhano, Clara Moreira, C. L. Salvaro, Érica Storer, Frederico Filippi, Gustavo Magalhães, Gustavo Caboco, Isis Gasparini, Josi, Laryssa Machada, Pedro França, e Willian Santos.

A criação de narrativas não lineares sobre a História é materializada também na expografia da mostra. Em vez de obras lado a lado na parede, com um fluxo de fruição induzido, “Objeto Sujeito” tem ilhas expositivas em estruturas de alumínio e blocos de concreto, o que possibilita diferentes entradas e conexões na exposição.

Os artistas

Arthur Palhano

Investiga a intrincada relação entre ação e gesto no âmbito da pintura. Com um olhar atento às múltiplas sobreposições presentes em seu fazer, ele examina meticulosamente os procedimentos envolvidos, desvelando as múltiplas camadas históricas constituintes do suporte canônico da pintura. Tanto o gesto quanto as ferramentas escolhidas para figurar as múltiplas paisagens ou imagens de seu imaginário poético exigem uma disputa entre o que é apresentado como frente e fundo de sua pintura, de modo que eles sejam negociados à medida que suas profundezas são reveladas.

Clara Moreira

É artista, nasceu e vive no Recife. Em sua prática, utiliza o desenho como escrita poética e artesania de corpo. “Venho andando com o desenho, lentamente, sobre este corpo que sou e que carrego e noutras vezes o arrasto (definitivamente o arrasto), e ele me escapa pelos dedos, vindo da escápula exausta, desenho-me em bichos, desenho o fio do espelho, desfio de dentro as fitas de cetim, amarro-me no fio de cabelo”. Sua formação artística foi na infância, em convívio familiar com artistas populares no subúrbio do Recife, onde aprendeu habilidades de desenho e pintura.

C. L. Salvaro

Atualmente vive em São Paulo. Sua poética parte da reação aos estímulos externos, o ambiente físico e social no qual está inserido, a partir dos quais desenvolve projetos in loco, muitas vezes situados na confluência entre esculturas, objetos e instalações. Sempre considerando os diferentes contextos dos espaços e as transformações a que estão submetidos, seus trabalhos adotam estratégias variadas que incorporam o vocabulário da ruína urbana para abordar temas como impermanência, instabilidade e resíduo.

Érica Storer

Vive e trabalha em Curitiba, Brasil. Seu trabalho e pesquisa transitam entre a tradição da performance de longa duração, vídeo e instalação, como uma estratégia de criar ficções e constranger os acordos entre a ética neoliberal e o trabalho cognitivo contemporâneo.

Gustavo Magalhães

É artista visual, vive e trabalha em Curitiba e produz no campo da pintura desde 2013. Em seu trabalho o artista se utiliza da coleta e da descontextualização de imagens oriundas de fontes diversas, como redes sociais, revistas e produções audiovisuais. A materialidade e uso diversificado de suportes precários também marcam seu trabalho, como madeiras, tecidos e papéis. Suas pinturas abordam temas que tangenciam questões sociais como violência, raça e identidade, assim como questões próprias da arte e da linguagem da pintura.

Gustavo Caboco

É artista visual, escritor e diretor Wapichana, trabalha na rede Paraná-Roraima e nos caminhos de retorno à terra. Sua produção com desenho-documento, pintura, texto, bordado, animação e performance propõe maneiras de refletir sobre os deslocamentos dos corpos indígenas e sobre a produção e as retomadas da memória. Dedica-se também à pesquisa autônoma em acervos museológicos para contribuir na luta dos povos indígenas.

Isis Gasparini

É artista, pesquisadora nas áreas da Dança e Artes Visuais, mestra em Artes pela ECA-USP. Seus trabalhos compreendem os campos da coreografia, audiovisual e instalação, e investigam os potenciais de movimento do corpo dentro do espaço expositivo, em sua relação com uma obra de arte ou instituição.

Josi

Trabalha com saberes que vão se acumulando nas mãos no dedilhar da vida, com trânsito pelo lavar, o desenho, a cozinha, a cerâmica, o tecer, a pintura, o fiar, a escrita. Com esses treinamentos, ela desfia e tece receitas de ocupar tempos e espaços no mover de suas subjetividades. Foi contemplada com os prêmios Pipa 2022 e 8° Prêmio Artes do Instituto Tomie Ohtake 2022.

Laryssa Machada

É artista visual, fotógrafa e filmmaker. Atualmente vive no Rio de Janeiro (RJ). Constrói imagens enquanto rituais de descolonização (expansões de liberdade) e novas narrativas de presente e futuro. Seus trabalhos discutem a construção de imagem sobre LGBTQIA+’s, indígenas e culturas marrons.

Pedro França

É artista e membro da Cia Teatral Ueinzz. Sua prática atravessa mídias como pintura, cerâmica, vídeo, performance e tecnologias digitais. Seus interesses estão em torno da virtualidade como forma de costurar pesados remotos e futuros longínquos, do universo onírico e dos traumas individuais e coletivos elaborados como proposições políticas.

Willian Santos

Há mais de 16 anos trabalhando com arte contemporânea, a obra e a pesquisa de Willian Santos partem do acolhimento dos conhecimentos da natureza para a sua expressão em exercícios da linguagem, criando pinturas, desenhos, objetos e instalações, que nos convocam a serem examinadas, e a trazerem à forma o que está aquém delas como imagem.

Exposição “Objeto Sujeito”

Em cartaz até março, no Museu Paranaense (MUPA) (Rua Kellers, 285 – Curitiba/PR). Entrada gratuita.

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