O espetáculo “Surdo, Logo Existo” está de volta em cartaz, após estreia de sucesso há quatro anos. A nova temporada é no Miniauditório do Teatro Guaíra, aos fins de semana, até dia 25 de fevereiro, sempre às 16h, 18h (sábados e domingos) e às 20h (somente aos sábados). As apresentações são gratuitas, com reserva antecipada de ingressos por WhatsApp, pelo número (41) 98903-6987.
Teatro no Carnaval
Durante o final de semana de Carnaval (10 e 11 de fevereiro), a peça tem sessões às 16h, 18h (sábado e domingo) e às 20h (somente no sábado).
“Surdo, Logo Existo”
O espetáculo é composto por esquetes que apresentam diversas cenas do cotidiano das pessoas surdas em uma sociedade ouvinte que não conhece sua língua. Narra-se com corporalidade e visualidade a história dos surdos e da língua de sinais desde o ano de 1700 até os dias atuais, inclusive com episódios de opressão e exclusão, como por exemplo a proibição da língua de sinais pelo Congresso Mundial de Professores de Alunos Surdos, em Milão, Itália, em 1880.
Em uma sociedade em que a arte e a cultura são produzidas e consumidas hegemonicamente por ouvintes, a peça reúne um elenco formado por artistas surdos, que expõem suas diferentes realidades cotidianas por meio de Libras (a Língua Brasileira de Sinais), da expressão estética e de experiências visuais.
Cotidiano das comunidades surdas no palco
Na peça são mostradas várias situações, como a falta de comunicação com a família, a aquisição tardia da língua de sinais, a imposição arbitrária da prática fonoaudiológica e da oralização na infância, a falta de comunicação e de informação em praticamente todos os espaços públicos e privados, o desrespeito com sua língua e com os profissionais intérpretes, entre outras experiências.
O surdo como protagonista
A direção e dramaturgia de “Surdo, Logo Existo” é de Gabriela Grigolom (surda, poeta e atriz, que também atua na peça) e Jonatas Medeiros (tradutor, roteirista, pesquisador e produtor cultural). Para a diretora, o projeto apresenta-se inovador, com a essência do ser surdo manifestada como linguagem e dramaturgia. “Isso enfatiza e viabiliza a disseminação identitária, cultural-linguística do povo surdo na esfera artística”, afirma.
Gabriela explica que a obra propõe reflexões sobre o “ser surdo” e a surdidade, sobre as barreiras de comunicação na sociedade e sobre a “dita” acessibilidade, em uma peça inteiramente sinalizada em Libras e sem tradução para os ouvintes. “É uma experiência de inversão e uma imersão no mundo surdo”, completa.
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Colocar o surdo como ponto central amplia a dimensão da importância do espetáculo, segundo Jonatas Medeiros. “Nosso expoente é o protagonismo das pessoas surdas, enquanto compositores da narrativa, retirando a língua de sinais da mera acessibilidade e colocando-a como central na produção de um espetáculo bilingue e bicultural, de estética surda com a plasticidade da poesia visual, difundindo assim a cultura surda e a língua de sinais”, diz Medeiros.
A produção é da Fluindo Libras, produtora cultural surda e estúdio de tradução em Libras, que compõe um coletivo sinalizante. Atua na promoção da arte protagonizada por surdos e também na tradução artística em Libras enquanto experiência estética e cultural. O espetáculo tem apoio da Bait Nazha – Culinária Libanesa, incentivo da Divesa e é viabilizado com recursos do Programa de Apoio e Incentivo à Cultura – Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba.
Espetáculo “Surdo, Logo Existo”
Até 25 de fevereiro, com apresentações nos sábados às 16h, 18h e 20h, e nos domingos, às 16h e 18h (inclusive durante o fim de semana do Carnaval), no Miniauditório do Teatro Guaíra – Auditório Glauco Flores de Sá Brito (Rua Amintas de Barros, 70, Centro). Classificação Livre, com duração de 60 minutos.
* Sessões com audiodescrição: 24 e 25 de fevereiro
* Sessões com guia-intérpretes para surdocegos: 10, 17 e 24 de fevereiro
Entrada gratuita com contribuição voluntária ao final da peça. Os ingressos podem ser reservados via WhatsApp (41) 989036987, a retirada acontece até 30 min antes da peça. (Ingressos não retirados são liberados 20 minutos antes da sessão, diretamente no teatro.