Do lixo ao luxo: pérolas feitas de garrafas pet ganham espaço no disputado mercado da joalheria

A produção das peças é feita com mão de obra exclusivamente feminina no litoral do Paraná

A ideia de criar pérolas a partir de materiais recicláveis foi desenvolvida em 2020, ainda na pandemia, pela designer brasileira Carla Dutra. Garrafas pet, retiradas de rios e oceanos no na Região Metropolitana de Curitiba e no Litoral paranaense, são artesanalmente transformadas em pérolas por mulheres que moram em Antonina.

“A gente tritura essa garrafa, mistura com acrílico, molda e depois faz todo o acabamento à mão, uma a uma”, explica a idealizadora da marca.

Do Paraná, as pérolas seguem para um ateliê em São Paulo, onde, também com mão de obra feminina, são trabalhadas em ouro e prata de reuso e se tornam joias de valor e com design inovador. As peças sustentáveis têm ganhado espaço em joalherias, galerias da Europa e em passarelas dos principais eventos de moda do mundo.

“Eu lancei essas pérolas em Munique, na Alemanha, em 2022, em uma das maiores feiras do setor joalheiro. Depois, fizemos uma exposição na Oscar Freire, numa galeria de arte, e chegamos chegamos a Milão com uma peça que diz muito sobre a nossa proposta, que é criar uma joia que seja usável e que também seja conceito”, diz Carla Dutra, que cria cada uma das peças inspirada por questões do dia a dia, como a sustentabilidade.

Em fevereiro, Carla Dutra apresentou as joias LECARLE no Paris Fashion Week, na semana prêt à porter. “Eu prezo pela mão de obra feminina. No caso de Antonina, são mães solo. Na Itália e em Portugal, consegui uma fábrica com muitas mulheres, mas o cenário ainda é dominado por homens. Sei a dificuldade que é para uma mulher competir com a mão de obra masculina no setor joalheiro fora do Brasil. Ter essas pérolas, feitas por mulheres, no Paris Fashion Week, é algo sensacional e tem muito significado”, analisa a designer.

Mulheres produzem material artesanal em Antonina, no litoral do Paraná. Foto: Divulgação

Parceria sustentável

Para ter rastreabilidade dos resíduos usados como matéria-prima, a joalheira buscou parcerias com projetos sociais que atuam na limpeza do meio ambiente, como a Ecobarreira, iniciativa do ativista ambiental Diego Saldanha que, desde 2016, retira lixo das águas do Rio Atuba, em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba.

Carla Dutra e o ativista ambiental Diego Saldanha. Foto: Divulgação

“Depois de um período de testes, alguns erros e acertos, nós desenvolvemos pérolas sintéticas produzidas a partir de resíduos recicláveis retirados do rio Atuba pelo projeto da Ecobarreira. E então lançamos a nossa primeira coleção com pérolas sustentáveis, que são produzidas em nosso ateliê de maneira artesanal”, diz Carla. “Um dos temas mais discutidos em todo o mundo é a ameaça da saúde dos oceanos, a preservação da vida marinha e a poluição das águas. Por isso buscamos uma prática sustentável e que tem dado muito certo”, finaliza.

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