“Bar doce lar” dispensa conversa difícil com uma piscadinha

Filme de George Clooney conta a história real de um menino que passou tempo demais dentro de um bar convivendo com beberrões

“Bar doce lar” é o tipo de coisa que você pode procurar no fim de um dia cansativo. Algo com começo, meio e fim. E que consegue restabelecer um pouquinho da fé na humanidade (ou ao menos a fé na capacidade que os humanos têm de contar boas histórias).

Embora seja dirigido por George Clooney, que não atua desta vez, e tenha Ben Affleck no elenco, esse drama-barra-comédia produzido pela Amazon parece ter escapado do radar de quase todo mundo – o que é uma baita injustiça.

Livro de memórias

A história do filme se baseia em um bom livro de memórias, escrito por J.R. Moehringer e publicado no Brasil anos atrás. Ela fala de um menino chamado JR, de uns dez anos, que se muda com a mãe para a casa dos avós maternos. O garoto é interpretado por Daniel Ranieri quando pequeno e por Tye Sheridan na adolescência.

Então: a mãe de JR não está nada satisfeita com esse arranjo de pedir ajuda aos pais. Porém, o menino consegue se divertir um tanto. Mais do que isso, como o pai dele é um ser humano desprezível, JR descobre uma figura paterna no tio Charlie (Affleck).

E talvez você não acredite nisso, mas: Affleck está muito bem no papel de tio Charlie.

O único

Charlie trabalha em um bar e JR passa a frequentar o lugar porque a mãe precisa trabalhar e ninguém mais se ocupa do menino. Quando tem idade suficiente, o garoto passa a trabalhar com o tio e a conviver com os clientes do lugar – uns mais beberrões, outros menos. É a história de formação de um garoto que aprendeu a lidar com a vida a partir das orientações do único homem adulto que se importava com ele.

O livro de Mohringer tem detalhes difíceis envolvendo abuso de álcool. O escritor conta que chegou a buscar ajuda e passou a frequentar os Alcoólicos Anônimos. E quem desempenhou um papel importante nesse processo foi o tio. No filme, essa parte mais triste aparece de forma muito sutil.

É possível que essa sutileza – e essa relutância em lidar com um tema barra pesada como o alcoolismo – tenha a ver com George Clooney. Ele parece ser o tipo de cara que dispensa uma conversa difícil com uma piscadinha e um sorriso.

E é exatamente essa a impressão que se tem vendo “Bar doce lar”. A de que o filme sorri, dá uma piscadinha e deixa as conversas difíceis para depois.

Streaming

“Bar doce lar” está disponível no Prime Video, da Amazon.

Sobre o/a autor/a

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima