Vale a pena ir no Park do Churrasco?

Novo restaurante em Curitiba aposta no modelo de “churrasco coreano”, em que o próprio cliente assa a carne, e na célebre “experiência”

Logo depois de jantar no Park do Churrasco, restaurante que inaugura neste sábado (27) em Curitiba, lembrei de uma crônica do escritor Antonio Prata. O ponto da carne, ele argumenta, é uma forma de opressão via bom gosto: “Repare com que orgulho o cidadão declara ao garçom (…) ‘mal passado’. Fala alto, para que os outros ouçam, como se a pergunta fosse ‘Onde você se formou?’ e a resposta, ‘Harvard’”.

Seguindo essa linha, a nova churrascaria da cidade seria uma libertação, um basta à opressão do ponto da carne: no Park do Churrasco, cada mesa tem uma churrasqueira a gás e quem assa a carne é o próprio cliente. Cada um escolhe o ponto de sua preferência: bem passada não é crime, esturricada é seu direito. Democrático, hein?

Park do Churrasco, nova churrascaria em Curitiba
No buffet de carnes há copa lombo, panceta, picanha, frango, carneiro… Tudo já cortado para, à mesa, o cliente temperar e assar a gosto. (Foto: Yasmin Taketani/Plural)

Será?

Antes do Park do Churrasco, o imóvel imenso na Av. Comendador Franco abrigava um banco. Desde a entrega das chaves até a inauguração, quase um ano se passou e muita coisa foi repensada para acomodar, em dois andares, salão para 236 pessoas, buffet, espaço kids, mesas de sinuca, bar, área de espera…

Além dos vários ambientes, o projeto assinado pelo escritório Givago Ferentz abriga muito mais. De paredes com tijolos aparentes, com plantas de plástico ou com pintura em grafite, passando por placas de neon, luzes coloridas, tecidos vermelhos e uma intervenção no teto que lembra a do BarBaran (com outros resultados)… o estilo é, sim, democrático. O espaço kids (que inclusive tem dois arcades e muitas cores) torna-se, em comparação, discreto. Isso que é frente ampla.

Subindo até a área do restaurante em si, o Park se mantém democrático: o buffet contempla saladas, pratos quentes, yakitori (espetinhos japoneses), vários tipos de carne já cortadas para assar, sobremesas e… sushi. “É possível, hoje em dia, uma churrascaria não ter sushi?”, questionei um dos sócios. “Não”, ele resumiu, emendando que tampouco era a proposta incluir sushi e sashimi em sua outra operação, o Park da Pizza. “Mas o público pede.”

Os dois sócios com quem eu conversei durante o evento de apresentação do restaurante para imprensa, influenciadores e convidados eram impressionantemente solícitos em um momento de tanta complexidade, quando tudo o que foi planejado ao longo de meses é posto em prática (com erros e acertos). Restaurante se faz ao vivo, e os sócios – do ponto de vista de quem assistia à cena – não decepcionaram: estavam a todo momento recebendo convidados, orientando a equipe, resolvendo imprevistos, sorrindo para fotos, entretendo conhecidos e entrando no serviço quando necessário: fosse repondo louça do buffet ou recolhendo um pedaço de papel do chão.

De volta à comida: entre as carnes, há copa lombo, panceta, picanha, frango, carneiro… A variedade está lá. A referência ao churrasco coreano, no entanto, é quanto ao modo de assar, não aos temperos. E, como as grelhas instaladas nas mesas são a gás (não carvão), a referência mais óbvia de churrasco também se perde.

E o sabor, enfim?

Os preços variam de R$ 120 a R$ 150 por pessoa, dependendo do dia da semana, e incluem consumo livre de sushi, saladas, pratos quentes, carnes, sobremesas… Dentro do meu repertório, penso que já comi melhor a especialidade da casa (carne), gastando menos, em outros lugares. Resta, então, a tal da “experiência”.

Assim como gourmet, afetivo e artesanal, tudo precisa ser uma experiência hoje. Não à toa, duas placas de neon sobre o buffet diziam: “não vendemos refeições” e “vendemos uma experiência!”. Perguntei para a equipe qual experiência o Park do Churrasco quer proporcionar: “Que o cliente faça seu próprio assado como se estivesse no espaço gourmet de sua residência”.

A afirmação diz bastante sobre o público-alvo, mas fala também sobre um desafio do empreendimento: como fazer o cliente se sentir tão em casa que o fato de ir a um restaurante e não ser servido não seja um ponto negativo, mas sim… uma experiência.

O Park do Churrasco tem, sim, fatores para superar esse desafio: a novidade, serviço de valet, espaço kids com monitores gratuito, a experiência com o Park da Pizza. Eu tive uma experiência? Sim. Foi a que eu idealizo? Não. Foi, ao menos, uma experiência que me tirou do meu habitual.

Serviço
Park do Churrasco – Abertura em 27/05/2023
Av. Comendador Franco, 5279, Uberaba
Horários: terça a sexta, 11h30 às 15h e 18h30 às 22h30. Sábado e domingo, 11h30 às 22h30
Informações: (41) 3500-6874 (WhatsApp)

A jornalista esteve no Park do Churrasco a convite do restaurante.

Sobre o/a autor/a

1 comentário em “Vale a pena ir no Park do Churrasco?”

  1. Xiiiiiiii , começou a Jabalança . Jornalista não resiste . Vai depois de inaugurar. Pague e conte como é na real . É assim que fazem os bons jornalista . Com o dono te puxando o saco . Nao vale de nada. Aposto que estavam lá Xavier, o rei da boca livre. Aquela moça do Bem Parana que é a rainha do cópia e cola. Influencers .Pô, apostava que você faria do jeito correto.Decpcao .

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