Casa Pagu tem muito charme e cardápio de boteco variado

Agora no Centro, nova encarnação da Rua Pagu tem clima para conversar e muito amor pela diversidade

Quem passa pela Benjamin Constant nem vê nada diferente. Mas ao subir a escadinha para entrar já vê uma flâmula com a imagem dela, a padroeira do lugar: Patrícia Galvão, a Pagu, dá as boas-vindas para quem chega em seu novo endereço curitibano.

A Casa Pagu é a reencarnação da Rua Pagu, que funcionou no Juvevê até o fim do ano passado. Agora, num endereço mais central, o lugar ficou mais intimista e reservado. Ao invés do grande espaço aberto (que criava um ambiente ótimo, mas dava prejuízo sempre que chovia), agora há um salão de inspiração art déco onde cabem bem umas 40 pessoas sem aperto.

Patrícia Galvão, a padroeira da casa. Foto: Tami Taketani/Plural

E lá dentro há várias outras referências a Pagu, a escritora, artista e revolucionária que ajudou a sacudir o Brasil em tempos de modernismo. Nas paredes há uma frase dela; e no cardápio, vários dos nomes dos pratos vêm da história de vida atribulada de Pagu.

Um dos drinques, por exemplo, se chama Escândalo Social (cachaça, vermute branco, frutas tropicais e hibisco clarificado com leite); outro, em homenagem às 23 prisões dela, chama 23 Liberdades (gin infusionado em guaco, mix de cítricos, soda de capim limão e gengibre). E, claro, como estamos falando de uma militante comunista, há o Moscowzinha Brasileira (cachaça com jambu, licor de banana, soda de cold brew e cumaru).

Ambiente art déco e confortável. Foto: Tami Taketani/Plural

Apesar das diferenças de um lugar para o outro, as sócias Fabíola Nespolo (que veio da advocacia)e Carolina Pimentel (que trabalhava com turismo antes de se apaixonar pela noite), dizem que nem cogitaram mudar a parte do nome que homenageia Pagu. A artista, dizem as duas, representa tudo que elas queriam: uma mulher forte, brasileira, que representa as artes e a transformação social. O fato de ser um nome curto e bonito também ajuda.

A comida também é inspirada na vida de Pagu. O cardápio foi criado pela chef Dani Testa e a ideia é que sejam pratos que lembrem a comida de boteco e ao mesmo tempo tenham a ver com a São Paulo de 100 anos atrás. Os pratos são mais elaborados do que os da antiga Rua Pagu, mas não foram atingidos pelo raio gourmetizador. Dá para comer bem por uns R$ 70.

Frase de Pagu na parede. Foto: Tami Taketani/Plural

Exemplo da comida é o Sanduíche das Operárias, prato citado pela própria Pagu num escrito. Carne de panela com banana e ovo dentro de um pão: simples assim. Dá para escolher o Caldinho de Quenga (Mandioca com Galinha) ou a Batata Frita Proletariada (batata palito com mortadela crocante e ovo frito com gema mole). Também há opções vegetarianas e veganas.

Fabíola diz que em breve o lugar (a casa que já abrigou outros bares, como Ornitorrinco e Parangolé) passará a ter música ao vivo e retomará os eventos culturais da Rua Pagu. Mas ao mesmo tempo as sócias querem preservar um ambiente não muito barulhento para que os casais e os amigos possam conversar sem ter de gritar.

Sanduíche das Operárias. Foto: Divulgação

No fundo, até pela presença das donas, você jamais vai se esquecer que está na “antiga Rua Pagu”: um lugar descolado, sem frescura e com muito carinho pela diversidade e pelo diálogo. Mas agora sem risco de tomar chuva na cabeça e com um pouco mais de conforto. Vale ir conhecer.

Serviço
Casa Pagu
Benjamin Constant, 400 – Centro
Aberto de segunda a sábado

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