Ambev anuncia reajuste e cerveja vai ficar mais cara em bares de Curitiba

Empresários calculam que aumento será de cerca de 5% nas bebidas da marca

Bares e restaurantes de Curitiba vão aumentar os preços de chopes e cervejas nos próximos dias. O reajuste se torna necessário, segundo os empresários, após a Ambev – dona de marcas como Antarctica, Bohemia, Brahma, Original, Skol, Budweiser e Stella Artois – ter informado que aumentará os preços de suas bebidas a partir de 2 de outubro. O reajuste será de 5% a 6%.

O Quitutto, no Água Verde, vai estrear no início de outubro um novo cardápio com valores reajustados de chopes e cervejas. A comida também não estará imune à alta dos preços e algumas opções à base de carne bovina darão lugar a pratos feitos com carne suína, mais barata.

“Não tem como a gente absorver [esse aumento]. Já absorvemos o custo em dobro do óleo de soja e de algodão, e a carne subiu mais de 40% em um ano e meio de pandemia. Seguramos o que deu para segurar, mas, hoje, não digo que está ficando inviável, mas não temos mais como segurar”, diz Rafael Pontaroli, dono do Quitutto.

O empresário é um dos milhares que nos últimos dias receberam o comunicado da Ambev que anuncia o aumento dos preços, conforme revelado pela Folha de S. Paulo nesta quarta-feira (29).

No informe, a multinacional atribui a “variação da inflação, variação de custos, câmbio e carga tributária” a necessidade de reajustes e ressalta que os aumentos “podem variar entre regiões, marcas, embalagens e segmentos”.

Apesar de parecer pequena, essa nova subida dos preços se soma a um aumento generalizado de ingredientes, gás de cozinha, luz e água, entre outros custos. Pontarolli estima que seus custos tenham aumentado entre 35% e 40% nos últimos meses, sem contar o aluguel do ponto que em um ano subiu 18%.

Ele é também um dos donos de bares e restaurantes que sofrem com a crise hídrica e, toda semana, tem que contratar o caminhão-pipa para garantir o abastecimento de água em seu estabelecimento. “Isso dobrou a minha conta de água”, afirma.

O aumento vai ser sentido também pelos clientes do BarBaran. O proprietário Igor Baran já planejava um reajuste de R$ 0,25 no preço da garrafa de cerveja, defasado há mais de um ano, mas teme que, diante do comunicado da Ambev, o aumento previsto pode não ser suficiente.

Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), praticamente todas as casas serão impactadas pelo reajuste da Ambev. “A cerveja é uma fatia importante do lucro do nosso setor, mas é só a ponta do iceberg”, explica o presidente da entidade, Nelson Goulart, que é também dono do restaurante Ibérico.

Os aumentos têm sidos “enormes” em toda a cadeia de fornecedores – de carnes a óleo, açúcar, feijão e leite – e, segundo ele, o cenário econômico é de “tempestade perfeita”. O aumento da taxa básica de juros, estratégia adotada pelo Banco Central para conter a inflação, teve como reflexo encarecer a quitação dos empréstimos contraídos durante a pandemia.

“Se o empresário não repassa – ainda mais numa situação difícil da pandemia em que está sem capital e com dívidas – vai quebrar por não ter lucro. Sei que estamos numa situação de livre mercado, mas esperamos que o governo aja de alguma maneira para que [o cenário atual] seja mitigado”, afirma Goulart.

Délio Canabrava, dono da Cantina do Délio e Banoffi Confeitaria, é um dos empresários que fará um reajuste generalizado. Não só cervejas, mas também pratos à base de carne e laticínios vão ficar em média 15% mais caros. “Se não aumentar, quebra”, resume Canabrava.

“Tem gente que vai mexer todo o cardápio esperando as altas dos preços”, confirma Fábio Aguayo, presidente da Associação de Bares e Casas Noturnas de Curitiba (Abrabar).

O empresário Chico Urban, dos Restaurantes Victor, afirma que vai aguardar o aumento entrar em vigor antes de colocar na ponta do lápis o impacto em todos os itens do cardápio, mas por enquanto ele descarta a possibilidade de reajustes. Mesmo assim, Urban calcula que, desde o começo do ano, seus custos tenham subido cerca de 10%.

Curitiba registrou a maior inflação do país no ano entre as capitais, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 9 de setembro. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mostrou que os preços de produtos e serviços na cidade aumentaram 7,72% de janeiro a agosto deste ano.

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