Baixa adesão à imunização contra o sarampo preocupa

A doença pode ser fatal para crianças de até 5 anos de idade

Apenas 22% das crianças alvo da atual campanha nacional de vacinação contra o sarampo se imunizaram no Brasil, segundo o aplicativo LocalizaSUS. A baixa procura preocupa autoridades, sobretudo porque tem sido registradas altas da doença no país. A doença pode ser fatal para crianças de até 5 anos de idade. De acordo com dados da Secretaria da Saúde do Estado do Paraná, de uma a três em cada mil crianças podem morrer por complicações da doença. Dentre as sequelas, estão cegueira, surdez, redução da capacidade mental entre outros problemas.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), houve um alarmante crescimento de notificações de infecções por sarampo. Os registros de casos nos primeiros dois meses de 2022 haviam aumentado 79% em comparação com o mesmo período de 2021. Ao todo, os novos registros somam mais de 17 mil novas infecções pela doença em todo o globo.

O médico infectologista e coordenador de assistência do Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Plínio Trabasso, explica a importância da busca pela imunização contra a doença. “Essa é uma doença potencialmente perigosa, particularmente nas pessoas adultas, e que é prevenível através da imunização. A queda na cobertura vacinal impacta na saúde pública no sentido de propiciar ou permitir que o vírus volte a circular na população e, com isso, aumente o número de casos da doença”.

A doença foi erradicada no Brasil em 2016, porém voltou em um novo surto em 2019, saindo de zero casos para mais de 10 mil notificações confirmadas. Neste ano, de acordo com o Boletim Epidemiológico de fevereiro de 2022, apenas um caso foi confirmado em São Paulo, além de 23 casos suspeitos notificados e 13 em investigação. Em contrapartida, as principais campanhas de vacinação do calendário do Sistema Único de Saúde (SUS) tiveram queda histórica no ano passado, como apontam dados do DataSUS.

Desde 2015 a média de imunização nacional vem caindo. Em 2020, a vacina da Tríplice Viral D1 (abrange a imunização contra o Sarampo, Rubéola e Caxumba), aplicada nos primeiros 12 meses de vida, teve uma queda na média de imunização da população de 12% em relação à campanha de 2019. Os números mostram que quase metade da população não está imunizada contra doenças que já eram reconhecidamente controladas no Brasil.

Fonte: DataSUS.

Baixa conscientização

Um dos problemas está na ausência de campanhas mais efetivas por parte dos governos, conforme o sanitarista e titular do Conselho Municipal de Saúde da cidade de Campinas, Roberto Mardem. “Nós temos uma preocupação muito grande que doenças já praticamente erradicada do território nacional voltem a acontecer. Daí nossa preocupação com essa baixa propaganda, essa falta de comunicação adequada à população, uma propaganda de convencimento”.

Rayanne Martins, mãe de uma criança de um ano de idade, comenta que sempre mantém o calendário vacinal atualizado. “Como mãe de um bebê de 1 ano, acho de extrema importância as campanhas vacinação públicas. Meu filho é vacinado, não atraso vacina dele. Acho isso prioridade no nosso calendário. Está sempre certinho a nossa carteira de vacinação. Apesar de estarmos vivendo um tempo muito difícil onde muitas famílias já não creem na vacinação.”

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