Plano de reeleição de Traiano está morto, dizem deputados

Apesar de escândalo da propina na TV Assembleia, porém, deputados acreditam que punição no Conselho de Ética será difícil

A avaliação dos deputados estaduais paranaenses é de que Ademar Traiano (PSD) talvez consiga se equilibrar no cargo até o fim de 2024, mas que não terá condições de se reeleger para a Presidência da Assembleia Legislativa, como gostaria. Uma possível punição pelo escândalo da propina da TV Assembleia, porém, ainda dependeria de saber exatamente o conteúdo do acordo de não persecução penal assinado por Traiano com o Ministério Público, que pode ter livrado o deputado da cadeia.

O Plural conversou em off com vários deputados experientes na Assembleia nos últimos dias para saber quais são os impactos que as revelações sobre o caso de corrupção de Traiano podem trazer para o deputado, que é presidente do Legislativo há oito anos. E o principal consenso é que a confissão de que recebeu R$ 100 mil para renovar um contrato entre a TV Icaraí e a TV Assembleia é que isso inviabiliza o sexto mandato como presidente.

Traiano vinha se articulando para montar a nova chapa, mesmo sem saber se o Supremo vai liberar sua candidatura. Existe uma discussão no STF que decidirá se presidentes que já estão no cargo poderão se candidatar mais uma vez (o Supremo proibiu mais de uma reeleição consecutiva, mas há uma interpretação de que Traiano foi eleito uma vez apenas depois dessa decisão, e portanto ainda poderia tentar mais um mandato.

O entendimento, porém, é que agora nem liberado pelo STF Traiano terá como se reeleger. Internamente, os deputados acham que seria suicídio votar numa chapa que tenha Traiano, e muito pior seria integrar essa chapa.

Reeleição

Isso não quer dizer que Traiano não tenha mais chances de se reeleger deputado. Para seus colegas, é preciso aprender com o passado. Nelson Justus (União) e Alexandre Curi (PSD) continuaram se reelegendo seguidamente para a Assembleia, mesmo depois do escândalo dos Diários Secretos.

A votação dele, porém, deve diminuir. “O Traiano é um deputado que tem dezenas de prefeitos apoiando. Certamente eles vão continuar com ele desde que os benefícios continuem chegando no município”, disse um deputado. “Mas 120 mil votos como ele fez na última, nunca mais.”

Conselho de ética

No Conselho de Ética, onde já existe uma representação apresentada por Renato Freitas (PT) pedindo a cassação de seu mandato, o destino de Traiano dependeria de conseguir manter seu acordo de não persecução penal sob sigilo. É lá que estão as provas do crime a confissão do deputado.

Até hoje, o Ministério Público e o Judiciário têm impedido que a população e a imprensa tenham acesso ao material. No entanto, há uma mobilização do PT para conseguir retirar o sigilo do processo.

“Vai depender muito do que diz esse documento”, afirma um deputado. “Já está claro que existiu um crime, mas ninguém sabe ainda os termos em que ele confessou e o que mais está lá dentro.”

Apesar disso, em função do poder acumulado por Traiano em oito anos de presidência,e tendo em vista o corporativismo da Assembleia, os deputados avaliam ser improvável que haja uma punição severa no Conselho de Ética. O caso terá terá relator designado em fevereiro de 2024, quando termina o recesso parlamentar.

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