Paraná já realizou 1.850 consultas de “Constelação Familiar” via SUS

Técnica acusada de charlatanismo foi aceita no sistema público devido a portaria do governo Temer

O Paraná já realizou pelo menos 1.850 consultas de Constelação Familiar pagas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A informação faz parte de um levantamento obtido com exclusividade pela Agência Pública, que publicou nas últimas semanas um balanço de como a “terapia alternativa” vem se infiltrando na medicina, nas universidades e até nos tribunais do país.

A Constelação Familiar é uma prática baseada na obra do autointitulado terapeuta Bert Hellinger. Embora não haja qualquer comprovação científica da eficácia do método, uma portaria assinada pelo ex-ministro da Saúde Ricardo Barros (PP), durante a Presidência de Michel Temer (MDB), incorporou a terapia ao SUS.

O Paraná aparece no sexto lugar do estados que mais realizaram sessões de Constelação Familiar pelo SUS. O primeiro lugar na lista fica com o Rio Grande do Sul, que já pagou mais de 2,7 mil sessões da terapia com dinheiro do erário. O município que mais fez consultas usando o método no país, no entanto, fica no Paraná: é a pequena Tomazina, com cerca de 8 mil habitantes, no Norte Pioneiro.

No total, em cinco anos, de acordo com o levantamento da Pública, foram realizadas e pagas 24 mil consultas de Constelação Familiar no Brasil via SUS. Isso é o equivalente a pouco mais de 13 consultas pagas por dia pelo erário.

De acordo com a definição usada pela Agência Pública, a “Constelação Familiar é uma técnica alternativa que utiliza dinâmicas para resolução de conflitos familiares. Ela realiza dramatizações, muitas vezes em grupos, para recriar cenas e eventos familiares que podem envolver antepassados de várias gerações”.

A técnica vem sendo combatida por especialistas de diversas áreas por afirmar ser capaz de ajudar pessoas a resolverem problemas de vários tipos sem que haja qualquer comprovação de sua eficácia. Além disso, a técnica é baseada em preceitos que reforçam estereótipos, mantêm ideias como a submissão das mulheres aos homens e tem um passado controverso.

Criador da técnica, o alemão Bert Hellinger tem em suas obras declarações que justificam estupros, casos de incesto e a posição de domínio do homem dentro da família. Isso não significa que todos os adeptos da Constelação Familiar avalizem suas ideias – no entanto, a metodologia parte desses princípios e está impregnada pelo machismo.

Para ler o material completo da Agência Pública clique aqui e aqui.

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