Uma decisão do Judiciário de São Paulo animou um grupo de empresários paranaenses que é contra ter que dar água de graça para as pessoas. A liminar do Tribunal de Justiça paulista derrubou uma lei que a Assembleia Legislativa de lá havia aprovado e que acabava de ser sancionada pelo governo Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Fábio Aguayo, presidente da Abrabar, disse que aqui no Paraná o projeto de lei que tramita prevendo o mesmo “nem será aprovado”. Num vídeo para as redes sociais, Aguayo disse que os políticos precisam parar de fazer leis que “onerem” os empresários e que por isso a decisão do TJ de São Paulo foi “muito importante”.
No Paraná, o projeto de lei sobre o assunto é de autoria de Goura (PDT), e ainda não chegou ao plenário da Assembleia Legislativa – mas já está claro que vai enfrentar oposição de parte do empresariado.
No seu vídeo, e em outros lugares onde já se manifestou, Aguayo diz que o problema não é só a água filtrada, mas sim “o lavador, o garçom” etc. Talvez ele esteja imaginando uma fila inacabável de pessoas que, sem ter o que fazer, vão formar filas nos bares para ganhar um copo de água de torneira sem pagar.
É bem provável que, pelo passado da Abrabar, não seja esse de fato o problema. Aguayo já fez campanha, por exemplo, parar tirar moradores de rua à força de onde estiverem. O problema aqui tem tudo para ser o mesmo: o “risco” de ter pessoas diferenciadas, como diriam os habitantes de Higienópolis, podendo pedir algo de graça nos estabelecimentos.
Em sua justificativa, Goura afirma que o acesso à água é um direito humano universal, e que cabe ao Estado garantir isso. Parece um argumento bem mais interessante. Vejamos qual das partes vence na Assembleia Legislativa do Paraná – aquela que gastou milhões em publicidade para dizer que “se é bom pra você, a Assembleia aprova”.