Empresários bolsonaristas tentam golpe bloqueando as estradas do país

Sequestro de rodovias é uma tentativa clara de jogar no lixo o voto de 60 milhões de brasileiros

Tudo indica que um grupo de empresários da área de transportes decidiu fazer o país de refém. O preço do resgate é entregar a Presidência da República a um candidato que não foi eleito. Ou, traduzindo de maneira ainda mais clara: o que eles pedem para acabar com o sequestro é o fim da democracia brasileira.

Na tarde desta segunda (31), menos de 24 horas depois da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas, caminhões trancavam estradas em 14 estados e nos Distrito Federal – número que só vem subindo desde as primeiras horas da manhã.

A ideia é causar transtorno, num primeiro momento, para quem depende de deslocamento. Se você precisa ir de uma cidade à outra é barrado – e é preciso lembrar que pelas estradas passam pessoas a passeio mas também gente a trabalho. Passam inclusive ambulâncias e viaturas policiais. O que significa que os sequestradores de rodovias estão potencialmente causando mortes e sendo coniventes com crimes.

Num segundo momento, conforme a duração, bloqueio das estradas acaba com a vida do país como um todo. Já vivemos isso no governo Temer, por outros motivos. Falta comida, falta gasolina, falta tudo – já que no Brasil quase tudo se transporta via estradas.

A paralisação, além de criminosa, é golpista. A real intenção é manter a Presidência nas mãos de Jair Bolsonaro, alegando que Lula não poderia ter sido eleito. Afrontando o sistema judicial brasileiro, os donos dos caminhões (que não são caminhoneiros, mas sim patrões), dizem que Lula não poderia ter concorrido nas eleições.

Bolsonaro é cúmplice de tudo isso por vários motivos. Primeiro, por ter incitado seus seguidores o tempo todo a não aceitar o resultado em caso de derrota. Segundo, por seu silêncio e sua recusa em admitir a derrota, obtida de modo limpo nas urnas.

E pior: para conseguir tirar os sequestradores das estradas, a Polícia Rodoviária Federal depende de ação da Advocacia-Geral da União (AGU), um órgão que, até dezembro, fica sob a asa de Bolsonaro.

Por sorte, já se percebe que nem o establishment político nem as Forças Armadas entraram no jogo do golpismo.

As pessoas que estão bloqueando as estradas não estão exercendo seu direito de expressão nem nada do gênero. Estão simplesmente abusando de seu poder para tentar mudar o desejo expresso de maneira clara pelos cidadãos nas urnas. O sequestro das rodovias é inadmissível e precisa ser encerrado o quanto antes, sob pena de virarmos reféns em definitivo de um governo cada vez mais autoritário.

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