A bancada conservadora da Câmara de Curitiba rachou diante da proposta de criação do Conselho da Diversidade Sexual – LGBTQIA+. A proposta, enviada pelo prefeito Rafael Greca (PSD), atende uma antiga reivindicação da comunidade se homossexuais e pessoas trans da cidade e foi aprovada por 25 votos a 7.
Alguns desses 25 votos partiram de vereadores radicalmente vinculados à direita, como Rodrigo Reis (União). No discurso em que justificou seu voto favorável ao Conselho, o vereador usou os argumentos mais pragmáticos possíveis. Disse que a direita errou ao deixar que seus adversários se apropriassem dessa pauta. Hoje, segundo ele, os homossexuais seriam 10% do eleitorado, e somados à família e aos amigos, podem chegar a 25% dos votos.
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Outros vereadores menos ideológicos mas que em geral têm postura conservadora parecem ter votado de acordo com a proximidade com a prefeitura. Assim, apenas sete vereadores mais radicais foram contra a proposta. Não por coincidência, quatro deles são pastores ou se elegeram basicamente com votos de igrejas evangélicas.
Ezequias Barros (PMB), que lamentou a aprovação do projeto nas redes sociais, disse que a proposta era “inadmissível”. “Estamos criando privilégios”, disse ele, um homem branco, hétero e em posição de poder. Osias Moraes (Republicanos), pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, disse que até tem amigos gays e lésbicas e que “não tem preconceitos”. “Minha preocupação não é com as pessoas, é com o movimento [LGBTQIA+]”, disse ele, mencionando que os ativistas da causa ganhariam mais poder, ajudando a dividir a sociedade.
O discurso mais radical, porém, como em geral acontece, veio de Eder Borges (PP), cassado pelo TRE e que permanece no cargo há um ano e meio esperando julgamento de um recurso no TSE. Segundo ele, a ideia de que os homossexuais são vítimas de preconceito e perseguição é falsa.
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Além de questionar preconceitos para conquista de empregos e números da violência contra a população LGBTQIA+, ele tentou minimizar os casos de suicídios de pessoas gays, lésbicas e trans. Eder falou que na juventude era metaleiro e usava cabelos compridos, o que “desagradava os pagodeiros”. Nem por isso, no entanto, ele pensou em se matar – uma comparação que mostra o quanto o parlamentar entende da situação.
Veja a lista dos sete vereadores que criaram contra a criação do Conselho da Diversidade.
Eder Borges (PP)
Ezequias Barros (PMB)
João da 5 Irmãos (União)
Noemia Rocha (MDB)
Osias Moraes (REP)
Pastor Marciano Alves (SD)
Sargento Tania Guerreiro (União)