Uma das coisas bonitas que a história da Carta pela Democracia fez a gente lembrar é a importância das universidades nesse país. A própria existência da carta se deve à USP, essa preciosidade. E depois quem multiplicou os atos, as leituras, os manifestos foram outras universidades espalhadas pelo país.
Em Curitiba, nem se poderia pensar em outro lugar para fazer algo desse peso. Tinha que ser a UFPR. Aquele prédio na Santos Andrade é mais importante para a democracia do país, para a história da democracia em Curitiba, do que qualquer outro em Curitiba – incluindo a sede da Prefeitura, incluindo o Palácio Iguaçu.
E é por isso que os bárbaros, quando chegam ao poder, antes de mais nada tentam acabar com o ensino superior, especialmente com as Humanas. Foi assim em 64. Foi esse de novo um dos primeiros ataques do governo protofascista. Eles sabem que enquanto existir a USP, que enquanto existirem as federais, haverá resistência.
Lembro sempre de um conhecido, já no fim da vida, que pediu para ser empurrado na cadeira de rodas até o prédio velho da UFPR. Chegando lá, fraco, cansado, disse que a federal continuava bonita como sempre. Ontem, ficou mais bonita ainda.
Texto publicado originalmente na newsletter Bom Dia do Plural
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