Reeleito para o terceiro mandato consecutivo como presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Ademar Traiano (PSDB) não teve a comemoração que imaginava na última sexta-feira (1°). Poucos minutos depois de ter sido reconduzido para o comando da Casa nos próximos dois anos, veio a público a informação de que o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ) homologou a delação premiada do ex-diretor da Secretaria de Estado da Educação Maurício Fanini.
Principal réu da Operação Quadro Negro, que apura desvios de pelo menos R$ 20 milhões de obras de escolas estaduais, Fanini teria citado os nomes de Traiano e do também deputado Plauto Miró (DEM), atual 1° vice-presidente da Casa. À Procuradoria-Geral da República, em Brasília, o ex-diretor disse que Traiano pediu R$ 500 mil a empreiteiros na campanha eleitoral de 2014.
O tucano sempre negou a acusação. Nos corredores da Assembleia, porém, os colegas apostam que as investigações têm grandes chances de derrubar Traiano ainda neste primeiro semestre. No cenário desenhado por deputados mais experientes, a Justiça poderia determinar o afastamento dele da Presidência. Ou ele se veria obrigado a renunciar ao comando da Casa para evitar ser jogado aos leões pelos pares e, assim, manter ao menos o mandato parlamentar.
O burburinho também circula do outro lado da rua, no Palácio Iguaçu. Principal avalista da permanência de Traiano no cargo de presidente da Assembleia, o governador Ratinho Junior (PSD) já foi alertado por seu núcleo político mais próximo desse cenário nebuloso. Por isso, já estaria traçando possibilidades diversas para o comando do Legislativo no caso de o mundo cair sobre o prédio vizinho.