A nova Conrad e os quadrinhos digitais

Em um dos topos de iniciativas nos quadrinhos pelo Brasil está a Conrad, no âmbito das HQs digitais. Essa tendência, que já é totalmente consolidada dentro do mercado estadunidense e também francês, agora começa a ganhar mais força pelo país. Tudo se deve muito por uma maior disseminação de leituras digitalizadas provocadas por livros digitais em Kindles (Amazon), Levs (Saraiva), entre outros. Existe um grande fenômeno presente aí que cresceu em meio a pandemia.

E foi dentro dela que a editora Conrad praticamente renasceu. Depois de um longo período em uma atividade sempre bastante pequena e poucos lançamentos de quadrinhos, a célebre editora – que já havia sido uma das maiores do ramo no fim dos anos 1990 e início dos 2000 -, retomou sob a frente do mundo digital. E quem encabeçou esse projeto foi Cassius Medauar. Ele, que já havia trabalhado como editor da mesma Conrad anteriormente, chegando a trazer “Dragon Ball”, por exemplo, para o país, saiu da JBC para chegar até o grupo editorial.

“Depois de um período quase parada, o Grupo Ibep, dono da Conrad, resolveu que era hora dela voltar a ser grande e por isso entraram em contato comigo, logo no começo da pandemia, para que eu reconstruísse a Conrad. Apesar de ser um desafio gigante, acabei aceitando porque foi na Conrad que comecei minha vida de editor de Quadrinhos e tenho muito carinho pela editora”, conta Cassiu em entrevista ao Nona Arte.

A partir daí começaram a pipocar diversos lançamentos feitos pela Amazon, que já estava começando a investir cada vez mais em quadrinhos digitais. Entre eles, está o já sucesso impresso “Mayara e Anabelle”, de Pablo Casado e Talles Rodrigues, além de “Cais do Porto”, de Brendda Maria. Isso e muito mais. A aposta em lançar até capítulos semanalmente sob um preço baixo tem gerado um engajamento interessante e novo de leitores, ávidos por esse conteúdo.

“Quando eu estava na JBC, fui um dos responsáveis por implementar o modelo digital deles, então foi natural fazer o mesmo na Conrad. E estamos apenas seguindo a tendência mundial e dar essa opção a mais para os leitores. O mundo é multimidia e acho que é fundamental que o leitor possa ler livros e HQs no máximo de plataformas possíveis, desde o impresso até o celular”, continua o editor. “Outra razão de buscar o online é que dá pra fazer coisas difíceis no impresso, que é lançar HQs mais baratas, HQs em capítulos semanais igual se faz no Japão (e estamos fazendo tudo isso), o digital traz uma maleabilidade que o mercado de impressos não tem tanto mais no Brasil”.

Apesar dessa iniciativa, o meio digital de quadrinhos ainda é algo pequeno, feito por poucas editoras e muitas apenas na própria Amazon. A ideia pode, de certa forma, democratizar o acesso ao conteúdo, mas também sofre da dificuldade de poder entrar em uma terra pouco explorada. Cassius diz que as vendas, por exemplo, não chegam perto do material físico.

“Muito, nós estamos apenas engatinhando nesse mercado. As vendas dos digitais ainda são apenas uma fração da edição física. Ainda é um trabalho de formiguinha e de informação. Muitos leitores ainda tem preconceito com o digital, outros acham que é apenas um pdf que será disponibilizado, quando na verdade é preciso fazer uma grande conversão do arquivo que, no final, ficará com mais qualidade do que o arquivo da edição impressa”.

Sendo uma editora de muito renome no mercado é até mais fácil, de certa forma, conseguir renascer em um meio de quadrinhos extremamente competitivo. Cada vez mais novas editoras com propostas diversas surgem, buscando fazer algo novo. Para o editor da Conrad, entretanto, há espaço para mais.

“A cada dia surgem editoras, pequenas ou grandes, lançando HQs das mais diversas formas. Temos, sim, espaço ainda dentro do nosso mercado editorial de quadrinhos”.

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