“Alô meus amigos Copelianos, eu quero deixar um registro. Primeiro, meu agradecimento ao apoio dos copelianos que tem entrado na nossa campanha de forma muito firme. Agradecer e fazer um compromisso, que a Copel vai continuar sendo dos paranaenses, que vai continuar sendo tocada pelos copelianos, pela equipe técnica da Copel, mas eu gostaria de pedir o voto de cada um de vocês”. Essa é a transcrição de uma fala registrada em vídeo do à época candidato à reeleição ao Governo do Paraná, Ratinho Júnior (PSD). Durante o último pleito, ele registrou o compromisso de manter a Copel nas mãos dos paranaenses, mas pouco mais de um mês após ter sido eleito, Ratinho Júnior mostra do que é capaz: transformou o “estado mais moderno do Brasil” em um Paraná que entrega suas maiores riquezas.
Isso porque, essa semana, o Governador enviou à Assembleia Legislativa uma proposta em regime de urgência que transformará (muito provavelmente) a Copel em uma companhia de capital disperso. O nome chique significa uma atrocidade, já que o Estado está abrindo mão de ser o acionista majoritário da empresa. Na prática, os paranaenses deixarão de ser o acionista controlador, reduzindo de 31% para 15% a participação do Estado no capital social copeliano. Além disso, as ações que dão direito a voto reduziriam para 10%. Na justificativa do projeto, nenhum dado técnico ou fundamento que expliquem a operação ou a urgência da medida.
Para registrar repúdio diante de tal ação que significará, caso aprovada, um ataque sem precedentes ao patrimônio histórico, econômico e energético do Paraná, os vereadores do Bloco PV/PT da Câmara Municipal de Curitiba protocolaram uma moção de protesto à privatização da Copel, questionando a realização de uma medida que ignora por completo o interesse público – já que os copelianos se pronunciaram contra a medida e a população sequer foi consultada devido ao regime de urgência do projeto.
Mas por que o excelentíssimo governador abriria mão de um patrimônio tão importante para nosso estado? Essa é a pergunta que não quer calar.
Além de ser a maior empresa do Paraná, a Copel – Companhia Paranaense de Energia – é um orgulho. É nossa e como tal deveria permanecer nas nossas mãos. Nem o argumento econômico justificaria a medida de Ratinho, já que a Copel é uma estatal lucrativa que acumula balanços positivos ano após ano. Só para se ter ideia, o valor de venda das ações, proposto pelo Governador, corresponde ao lucro dos últimos dois anos da empresa (segundo avaliação do SENGE – Sindicato dos Engenheiros do Paraná). Um valor de venda compatível apenas ao lucro dos últimos dois anos de uma estatal que existe há mais de seis décadas.
Por isso, o Bloco PV/PT da Câmara de Curitiba vem a público registrar: a energia, assim como a água, é um bem essencial, não é mercadoria. O direito e a soberania de um estado sobre sua energia não têm preço. Como jogar fora uma empresa que faz parte da vida dos paranaenses? Que atende mais de 4 milhões de lares no estado inteiro e até em regiões vizinhas? Por que tanta pressa em fazer um mau negócio, tirando dos paranaenses a receita que a Copel gera para o estado?
Com uma canetada, estamos prestes a perder anos de história e construção. Perderemos nosso potencial hidráulico, domínio tecnológico, capacidade técnica, uma vida de comprometimento e trabalho dos servidores e funcionários e dezenas de iniciativas de interesse popular. Perderemos nossa soberania e segurança energética, programas sociais como o Luz Para Todos, qualidade de serviço e deixaremos de ter uma das tarifas mais baratas do país. E se esse é o retrato do “estado mais moderno do Brasil” (para parafrasear Ratinho Júnior), resta saber até quando vamos ter dignidade para viver nele.
Dizemos não à venda da Copel porque não é sobre uma empresa. É sobre a história da energia elétrica no Paraná.
O Rato mente; nada de novo. E o Paraná reelegeu esse cara no primeiro turno… cada um tem o político que merece, triste demais.