O projeto “Pacto Nacional LGBTI+: experiências em meio a pandemia do covid-19”, que reúne uma equipe multidisciplinar de pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR), quer entender o comportamento da comunidade LGBTI+ durante a pandemia do novo coronavírus. Com os dados coletados na pesquisa, os professores esperam organizar e promover ações de enfrentamento às violações de direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e pessoas intersexo. Serão analisados fatores como saúde mental, exposição à violência, qualidade dos relacionamentos e o impacto da pandemia no dia a dia das pessoas.
A carência de dados impede que se forme um retrato preciso da violência contra pessoas LGBTQIA+ e, por consequência, que se criem estratégias de ação para o combate a homofobia. O estado do Paraná, por exemplo, não disponibilizou informações de registros de crimes contra população LGBTQI+ no Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2020. Segundo relatório parcial do Observatório de Mortes Violentas de LGBTI+, com dados referentes ao período de janeiro a agosto de 2021, o Brasil registrou 207 mortes violentas desta população, 187 assassinatos e 18 suicídios.
Josafá da Cunha, professor responsável pelo desenvolvimento da pesquisa, diz acreditar que a produção de conhecimento é o caminho para eliminar o “vírus da homofobia”. A coleta de dados e de documentação permite também compreender os mecanismos pelos quais parte desses impactos ocorrem na vida de pessoas LGBTI+.
Entre as propostas principais do Pacto Nacional LGBTI+ estão a realização de análise de dados, reunião de informações, oferecer assistência psicológica, jurídica e de serviço social para esta população em Curitiba e Região Metropolitana, monitorar proposições legislativas e de promover eventos pelo Brasil que sensibilizem os gestores públicos para a questão dos direitos LGBTI+.
Até o momento cerca de 1 mil pessoas já responderam ao questionário. Um número ainda pequeno, considerando que se trata de uma pesquisa que abrange todo o território nacional. Mariana Gonçalves Ramos, bolsista de pesquisa, reforça a importância da participação no projeto, pois quanto mais pessoas ouvidas, mais dados a serem apurados: “Precisamos ampliar o máximo possível o alcance da pesquisa, isso vai permitir que a gente compreenda com mais precisão a situação das pessoas LGBTI+ no Brasil”.
O estudo ocorre por meio de um questionário online e tem duração aproximada de 25 minutos. A participação é voluntária, gratuita e a identidade do participante é protegida durante todas as fases de pesquisa. Sabendo dos riscos de gerar desconforto e ansiedade, uma vez que as pessoas são questionadas sobre situações de dor e sofrimento, a participação pode ser encerrada a qualquer momento, sem nenhum problema. O questionário está disponível até metade de fevereiro.
Os primeiros infográficos serão divulgados ainda em fevereiro, os dados serão divulgados em março e os relatórios completos de pesquisa e ações serão lançados em maio deste ano.