O câncer mais comum do Brasil

Um entre cada quatro casos de câncer diagnosticados no país, tem origem na pele ou nas mucosas

Esta publicação faz parte do Festival de Jornalismo Literário, organizado em parceria pelo Plural e faculdades de jornalismo de Curitiba e Ponta Grossa. Monica Oliveira é formada pela Uninter.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam uma ocorrência mundial de 2 a 3 milhões de casos de câncer de pele não melanoma, anualmente. O câncer da pele responde por 33% de todos os diagnósticos desta doença no Brasil. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA) a estimativa de novos casos no país é de 176.930, sendo 83.770 homens e 93.160 mulheres (2020 – INCA). O tipo mais comum, o câncer da pele não melanoma, tem letalidade baixa, porém, seus números são muito altos. A doença é provocada pelo crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a pele.

Doutora Katy Lizandra, dermatologista, explica que, os tipos de câncer mais comuns são os carcinomas basocelulares, que se caracteriza por uma lesão (ferida ou nódulo), e apresenta evolução lenta e os carcinomas epidermóide, que também surgem através de uma ferida ou sobre uma cicatriz, principalmente proveniente de queimadura. A maior gravidade do carcinoma epidermóide se deve à possibilidade de apresentar metástase (espalhar-se para outros órgãos). Mais raro e letal que os carcinomas, o melanoma é o tipo mais agressivo de câncer da pele.

“O câncer de pele que mais afeta os brasileiros, pode ser evitado e tem prognóstico de cura muito elevado. Já o tipo mais agressivo da doença afeta pouco mais de 6 mil pessoas no Brasil, e o diagnóstico precoce tem sido importante na sobrevida dos pacientes nos últimos anos ”, completa a médica.

O INCA disponibiliza um folder sobre a doença, que ajuda na tarefa de discernir manchas que aparecerem pelo corpo. No material, é especificado a regra ABCDE (Assimetria, Bordas, Cor, Diâmetro e Evolução) para constatar o câncer melanoma e não melanoma.

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Imagem da internet, disponível em: http://www.sbd.org.br/wp-content/uploads/2016/10/cancer_evolucao.jpg

Dona Maria Francisca tem 83 anos, residente na zona rural do município de Itiúba, no norte baiano, ano passado, em 2019, foi diagnosticada com câncer de pele, carcinoma basocelular. “Começou com uma mancha que coçava muito, depois feriu, levei ela na dermatologista, a médica examinou e pediu uma biópsia.” Conta Eulália Souza, filha única de Dona Maria. Segundo Eulália, a mãe dela trabalhava na roça, ficava exposta ao sol por muito tempo sem nenhuma proteção. “A gente achava que não tinha problema, hoje sabemos que não pode, mas no tempo dela ninguém sabia que fazia mal ficar debaixo do sol, agora a doença chegou.” Conta ela emocionada.

Dona Maria Francisca, 83 anos, diagnosticada com câncer de pele (Foto: Monica Oliveira)

Ainda de acordo com doutora Katy, deve-se suspeitar de qualquer mudança persistente na pele, seja o aparecimento de um nódulo, uma ferida que não cicatriza em até quatro semanas, uma mancha vermelha, ou ferida que sangra, ou forma crosta . Diante dessas suspeitas, um especialista deve ser procurado. Quanto mais precoce for a identificação, melhores serão os resultados do tratamento.

O diagnóstico normalmente é feito pelo dermatologista. Em algumas hipóteses, o especialista deve usar uma dermatoscopia, exame no qual se usa um aparelho que permite visualizar algumas camadas da pele não vistas a olho nu. Alguns casos exigem um exame invasivo, que é uma biópsia.

As neoplasias malignas na pele são mais comuns em idosos, conforme mostra o gráfico com dados em julho de 2020, extraídos do DataSus, que é base de dados do Ministério da Saúde.

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Prevenção

De acordo com o doutor Fernando Garcia, dermatologista, os cuidados devem ser incorporados à rotina diária para prevenir o câncer de pele. O uso do protetor solar é fundamental e com a chegada do verão, ele se torna indispensável. Também é necessário evitar os excessos, afinal, o filtro solar não inibe 100% da radiação UV.

“O ideal é aplicar uma camada espessa na pele diariamente antes de sair de casa e reaplicar ao longo dia. Além disso, deve-se dar preferência a produtos com FPS 30 ou maior para garantir a proteção cutânea na estação do calor ”, enfatiza ele.

Outras medidas são: Usar chapéu. Proteger os olhos com óculos escuros que têm tratamento UV nas lentes. Evitar sair em horários de sol mais intenso, entre 10h e 16h. Cobrir áreas expostas com roupas apropriadas, como uma camisa de manga comprida, calças e um chapéu de abas largas.

Para o dermatologista é importante observar regularmente a própria pele, à procura de pintas ou manchas suspeitas. Manter bebês e crianças protegidos do sol. Filtros solares podem ser usados ​​a partir dos seis meses. Consultar um dermatologista uma vez ao ano, no mínimo, para um exame completo.

É importante reaplicar o filtro solar a cada duas horas (Foto: Monica Oliveira)

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