O fato de a Covid causar mais complicações e mortes entre pacientes mais velhos pode levar à suposição errada de que crianças estão imunes ou são contaminadas poucas vezes. Dados relativos a Curitiba mostram que não é esse o caso.
Até o dia 24 de julho (último levantamento parcial disponível), 566 crianças de até 14 anos haviam tido confirmação de Covid na cidade. Dessas, 236 tinham entre zero e 4 anos. Houve apenas uma morte registrada, segundo os dados da prefeitura de Curitiba, num paciente na faixa entre 5 e 9 anos (0,17% de mortalidade na faixa até 14 anos).
No entanto, como entre crianças e jovens é mais comum que o coronavírus não cause sintomas, a subnotificação tende a ser maior – o que significa que provavelmente o número de contágios é maior, embora não necessariamente o de mortes.
Embora em geral não sofram tanto com a doença, as crianças também se transformam em vetores para a propagação da Covid-19 entre amigos, familiares e vizinhos. E essa é uma das grandes preocupações com a possível retomada das aulas presenciais, anunciada no Paraná para agosto.
Risco proporcional à idade
Os dados mostram claramente, porém, que na terceira idade os riscos são muito maiores. Na faixa acima dos 80 anos, haviam sido confirmados até o dia 24 de julho 499 casos em Curitiba. Desses pacientes, 143 morreram. Uma taxa de mortalidade superior a 28% dos casos. Ou seja: de cada quatro pacientes, um morre.
O risco sobe rapidamente na terceira idade. Pacientes entre 70 e 75 anos, por exemplo (portanto com menos de uma década a menos do que os pacientes mais expostos) têm mortalidade na casa dos 12% – menos da metade do que ocorre entre os octogenários.
No caso de adultos na faixa dos 40 anos, por exemplo, o risco é bem mais baixo: de mais de 1,4 mil pacientes com a doença confirmada, apenas cerca de 0,3% morreram (5 casos na cidade).