Colégios estaduais de Curitiba não voltam às aulas presenciais

No PR, são 200 escolas abertas a 121 mil estudantes, menos na Capital, que segue com casos de Covid em alta

Das duas mil escolas estaduais do Paraná, 200 voltaram hoje às aulas presenciais, mas nenhuma delas em Curitiba. As cidades escolhidas para reabertura são as que apresentam números mais baixos de casos e mortes por Covid-19, a maioria na Região Oeste do Paraná, como Cascavel e Foz do Iguaçu. Não é o caso de Curitiba.

Na Capital, o número de contaminados por Covid-19 registra alta de 27% na média móvel dos últimos 14 dias. A média para os óbitos pela doença subiu 3% no mesmo período.

Segundo o Governo do Estado, os critérios considerados para a escolha de quem poderia voltar à sala de aula se basearam ainda no retorno das Redes Municipais e do transporte escolar. O que também não ocorreu em Curitiba.

A Secretaria Estadual de Educação (Seed) diz que são priorizadas as instituições de ensino onde há alunos em situação de vulnerabilidade e sem acesso a equipamentos digitais, além de colégios com maior número de professores fora do grupo de risco.

O retorno é opcional aos pais e responsáveis, que podem optar pela continuidade do ensino remoto. Este inclui o aplicativo Aula Paraná, videoaulas no YouTube e TV aberta e atividades pedagógicas impressas.

“O fato de iniciarmos essa volta com aproximadamente 10% das escolas é justamente para acompanhar o cumprimento dos protocolos indicados pela Secretaria de Estado da Saúde. Na medida em que observarmos a segurança desse grupo, ampliaremos o retorno gradativamente até chegar a 100% da rede”, explica o secretário estadual de Educação, Renato Feder.

Ele destaca que foram investidos R$ 60 milhões em infraestrutura escolar no primeiro trimestre de 2021, com 124 obras de ampliações, reparos e construção de cinco novas escolas. Além disso, há a previsão de R$ 12 milhões em equipamentos para cozinhas e refeitórios.

“O orçamento é de R$ 100 milhões, e os recursos serão investidos em todas as regiões do Estado. Sempre há necessidade de reformar um telhado prejudicado pela tempestade ou algum espaço deteriorado pelo tempo. Também estamos empenhando esforços para acabar com as salas de aula de madeira, que eram inúmeras no Paraná, e agora serão todas de alvenaria”, afirma o secretário de Educação.

Feder garante que “as escolas estão preparadas” para o retorno presencial pois contam com álcool gel, máscaras e termômetros para aferição de temperatura. “Nas salas de aula, também deverão respeitar o distanciamento de, pelo menos, 1,5 metro entre eles, garantindo a segurança de todos.”

Sem segurança

A aplicação dos protocolos de segurança, no entanto, é contestada pelos professores, que reclamam de, sem vacina, serem obrigados a voltar para salas pequenas, com problemas de estrutura e pouca ventilação – muitas vezes com os vidros que nem abrem, como mostra foto da própria Seed nesta segunda-feira (10).

Janelas fechadas prejudicam a circulação do ar e a propagação do coronavírus. Foto: Seed

Além disso, o Governo do Paraná passou de 30% para 100% o limite de ocupação das salas de aula. “Retomar as aulas nesse momento da epidemia vai aumentar os casos, os internamentos e as mortes por Covid 19, como aponta estudo do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). A abertura de algumas escolas cria uma desigualdade entre alunos(as) de uma mesma rede, ferindo o princípio da isonomia entre eles(as)”, afirma a APP-Sindicato, que representa os professores e funcionários de escolas no Paraná.

Os educadores defendem que a volta às aulas presenciais apenas com a vacinação da categoria – anunciada para começar nesta semana. “A roleta russa da precipitação na volta às aulas presenciais vai cobrar seu preço”, avalia a APP.

A entidade também contesta os números apresentados pela Seed nesta retomada presencial. “Uma avaliação prévia aponta que os números são bem menores que os propostos pelo Governo, tanto de escolas como de alunos. A evolução dos números será analisada ao longo da semana e discutida pelo comando estadual de greve no próximo sábado (15). A APP-Sindicato orienta seus representados que estão respaldados a fazer greve, por decisão aprovada em assembleia geral da categoria.”

O presidente do sindicato, Hermes Leão, avalia que a informação do governo sobre o número de escolas e educadores retornando ficou abaixo da expectativa da Seed. “Temos muitos diretores e prefeitos que decidiram não retomar as aulas presenciais. Continuamos dialogando com a categoria sobre a impossibilidade da retomada frente ao quadro da Covid, que não está baixo e deve piorar com o Dia das Mães, pela grande movimentação de pessoas, o que não vai trazer bom resultado”, conclui o professor.

Confira quais escolas reabriram hoje as salas de aula para os alunos, segundo a Seed.

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