Brasil ainda enfrenta fantasma do analfabetismo em pleno século 21

Taxa de analfabetismo ainda é alta principalmente na Região Nordeste

Esta publicação faz parte do Festival de Jornalismo Literário, organizado em parceria pelo Plural e faculdades de jornalismo de Curitiba e Ponta Grossa. Fátima de Souza Rocha é aluna da Uninter.


É considerada analfabeta toda pessoa incapaz de ler e escrever. Ainda podem estar nesse grupo, pessoas que mesmo sabendo ler e escrever não conseguem interpretar textos e realizar operações matemáticas simples. Esses são os chamados analfabetos funcionais.

Os analfabetos funcionais podem ser divididos em três grupos. No primeiro grupo estão os indivíduos que leem e entendem títulos de textos e frases curtas. São aqueles que possuem uma alfabetização rudimentar. Os integrantes desse grupo conseguem contar e realizar as operações matemáticas mais simples. As pessoas pertencentes ao segundo grupo, apesar de lerem não são capazes de retirar informações de um texto. Esses indivíduos possuem um nível básico de alfabetização. No terceiro grupo estão aqueles que dominam a leitura, a escrita e os números.

De acordo com dados do Censo Demográfico de 2010 a taxa de analfabetismo no Brasil varia de região para região. Nesse ano na Região Nordeste 13,4% da população era analfabeta. A taxa de analfabetismo na Região Norte era de 7,2%; no Centro-Oeste 5,1%; no Sudeste 4% e no Sul 3,8%. Do total de analfabetos do país, 7,1% são do sexo masculino e 6,8% do sexo feminino. A população residente na zona urbana apresentou um percentual de 5,3% de pessoas analfabetas, enquanto que na zona rural o índice de analfabetismo é de 15,8%.

O fato de aprender a ler pode fazer com que pessoas vejam o mundo com outros olhos — Foto: Fátima de Souza Rocha

Os dados apontam ainda que existe uma taxa de analfabetismo mais elevadas entre pessoas mais velhas, embora a população de jovens e adolescentes também apresente um índice considerado alto, levando-se em consideração que as pessoas mais jovens possuem mais acesso à escola. O percentual de analfabetos no grupo de indivíduos entre 15 e 24 anos era de 2,2%.

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Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua Educação, 6,6% da população brasileira não sabia ler e nem escrever em 2019. Isso significa que aproximadamente 11 milhões de pessoas eram analfabetas. Comparando com o percentual de 2018 que era de 6,8%, a queda no número de analfabetos foi muito baixa.

O analfabetismo mostra claramente a desigualdade no Brasil. O fato de ser analfabeto provoca um sentimento de inferioridade nas pessoas. Os programas de alfabetização proporcionam oportunidade de superação. Os frequentadores desses programas que alcançam o objetivo e aprendem a ler e escrever passam a conhecer um novo mundo.

O Programa Brasil Alfabetizado (PBA) do Ministério da Educação existe desde 2003 e tem como objetivo a alfabetização de jovens, adultos e idosos. A prioridade de atendimento é para municípios com taxa de analfabetismo mais alta. A grande maioria dos municípios atendidos está localizada na Região Nordeste. O Plano Nacional de Educação (PNE) tem como meta a erradicação do analfabetismo no Brasil até 2024.

Paraná

Quatro entre cada cem paranaenses não sabiam ler e escrever em 2010- Foto: Fátima de Souza Rocha

Os dados Censo Demográficos do ano 2000 mostram que haviam 460.602 pessoas analfabetas no Paraná, o que corresponde a 4,8% da população do estado naquele ano.

A Secretaria de Estado da Educação criou em 2004 o Programa Paraná Alfabetizado (PPA) para atendimento a jovens, adultos e idosos que não puderam frequentar a escola na idade certa. Além da aprendizagem da escrita e da leitura o programa trouxe a muitas pessoas a oportunidade de socialização e superação.

A professora Zenira Cividini trabalhou com alfabetização pelo PPA durante 7 anos, no município de Marumbi. A professora atendia aproximadamente 15 alunos em suas turmas. Ela conta que os alunos frequentavam as aulas principalmente para aprender a escrever o nome. “Eles levavam a documentação para mim e na identidade estava escrito não alfabetizado e por isso, queriam fazer outra identidade”, diz Zenira.

Apesar de toda mobilização o estado não obteve grande diminuição no índice de analfabetismo. De acordo com os dados do Censo Demográfico de 2010, o número de analfabetos no Paraná era de 490.596, o equivale a 4,6% do total de habitantes.

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