A identidade dos restos mortais do pracinha brasileiro morto durante a 2ª Guerra Mundial e que estão depositados na comuna italiana de Pistoia continua sendo desconhecida. Após pesquisa de comparação genética, o biólogo forense Vincenzo Agostini, de Alessandria (Itália) atestou que os restos mortais do “Soldado Desconhecido” não pertencem a Fredolino Chimango, como suspeitavam pelo menos quatro fontes bibliográficas. A versão mais conhecida delas foi publicada pelo coronel Floriano de Lima Brayner, que chegou a ocupar o posto de chefe do Estado-Maior da Força Expedicionária Brasileira (FEB).
Além dele, José Dequech, Waldir Merçon e uma publicação da Associação Brasileira de Imprensa apontavam a mesma possibilidade. Chimango foi morto durante um ataque à localidade de Montese. A comparação genética foi possível graças ao trabalho do jornalista e pesquisador da FEB, Helton Costa, que contou com o auxílio do também jornalista Diego Antonelli.
Para desvendar a dúvida histórica, Costa encontrou sobrinhos de Chimango no Rio Grande do Sul – estado onde ele nasceu. Depois, foi feita a coleta de material genético e o conteúdo foi enviado para a Itália. No Velho Continente,o biólogo italiano Agostini comparou com amostras de DNA do Soldado Desconhecido. Todo o processo, que custou em torno de R$ 2,6 mil, foi patrocinado por uma arrecadação online pública, bancada por 35 apoiadores.
Agostini revelou que tentou entregar o mapeamento do Soldado Desconhecido para as autoridades brasileiras desde 2012. Como nunca teve sucesso, decidiu, em 2019, publicar os dados em uma revista especializada nos Estados Unidos.
Esperança
Existe a possibilidade, contudo, de que o corpo de Chimango esteja no Brasil. Isso porque há, pelo menos, 15 outros corpos de brasileiros mortos pelos soldados de Adolf Hitler que ainda aguardam identificação e permanecem enterrados como desconhecidos no Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial. “Já que o Chimango não está na Itália, pela lógica, ele está no Brasil e é um dos 15 sem identificação. “Agora cabe ao Estado brasileiro decidir se usa os meios que possui e identifica o soldado, ou se o mantém indigente”, defende Costa.
O relatório oficial da pesquisa foi repassado em cópia, por e-mail, para o Governo Federal via Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército (DPHCEX).“Caso queira, o Exército pode continuar a pesquisa e repetir o exame com outros parentes de Chimango. Passamos às forças militares, inclusive, os contatos dos parentes no Rio Grande do Sul”, explica Antonelli.
Prestação de contas
Após pagar todos os custos da pesquisa, restou um saldo positivo de R$ 236,30 do valor arrecadado. A quantia será doada para a Legião Paranaense do Expedicionário, para auxiliar na digitalização de documentos da FEB, que a entidade está fazendo. Para acessar a prestação de contas completa, clique aqui
Que pena que não se chegou a identificação. Por outro lado, é positivo que a dúvida foi sanada. De se lamentar o desinteresse das autoridades brasileiras pela preservação da memória histórica daqueles que lutaram contra o fascismo. Parabéns ao Plural pela abordagem e a todos que contribuíram para que o exame fosse realizado.