Fruet, Aliel e Paulo Martins: três análises do que esperar dos atos de 7 de setembro

Bolsonaristas lideram movimento que reivindica demandas antidemocráticas como o fechamento do STF

Os protestos pró-governo organizados para ocorrer em Brasília no feriado de 7 de Setembro, data que marca o Dia da Independência do Brasil, vêm sendo tratados com preocupação não só por parte da população como também pelos Poderes Judiciário e Legislativo. Os atos acontecem em um momento de instabilidade na gestão de Jair Bolsonaro que investe em discursos autoritários e antidemocráticos.

Diante de questionamentos à segurança da urna eletrônica e frequentes ataques à atuação de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) – a exemplo do pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes protocolado pelo chefe do executivo, que, no entanto, foi rejeitado -, a manifestação de 7 de setembro vem causando apreensão por parte do Congresso e do STF, que cobraram do governo do Distrito Federal reforço na segurança planejada para a data.

Outro elemento que impulsiona o medo nas cúpulas do Judiciário e do Legislativo nacional é a possível adesão de parte das forças policiais do país aos protestos. Recentemente, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afastou o coronel da Polícia Militar (PM) Aleksander Lacerda, que usava as redes sociais para se manifestar politicamente, além de endossar o ato bolsonarista.

O presidente já confirmou presença nos atos na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, e na Avenida Paulista, em São Paulo. Pelo segundo ano consecutivo, por conta da pandemia, o Ministério da Defesa cancelou o desfile militar realizado no dia 7 de setembro em comemoração à data.

Para entender o que pensam alguns representantes paranaenses do Legislativo sobre os protestos da próxima semana, o Plural conversou com três deputados federais do Paraná – Gustavo Fruet (PDT), Paulo Eduardo Martins (PSC) e Aliel Machado (PSB). Procurada pela reportagem, a deputada Christiane Yared (PL) preferiu não se manifestar. “Não vamos nos ater a questões das quais não participo”, afirmou a parlamentar através da assessoria.

Gustavo Fruet (PDT)

“É um momento sem precedentes na história recente do país”, declara o deputado Gustavo Fruet (PDT), ex-prefeito de Curitiba, sobre a atual situação do Brasil. Na visão do parlamentar, há uma crise institucional em curso e Bolsonaro está perdendo o apoio da base que o elegeu em 2018 em cima de um discurso liberal e de anticorrupção. “A cada dia a gente vê briga com o Supremo, como se o presidente fosse vítima de uma conspiração da China, dos Estados Unidos, do Congresso, dos meios de comunicação. A culpa é dos outros, como se o governo não tivesse responsabilidade nenhuma para o Brasil chegar com esses índices que temos hoje.”

Em relação aos atos da próxima semana, Fruet entende que é preciso separá-los das comemorações historicamente realizadas no Dia da Independência do Brasil. “Está havendo uma confusão. O dia 7 de setembro é um dia do Brasil, não é um dia do governo, não é um dia do Bolsonaro e muito menos um dia para confrontar quem pensa diferente dele. A gente não pode achar que o 7 de setembro é um evento do Bolsonaro, porque não é”, afirma. 

Por esta razão que o deputado acredita que muitas das pessoas que irão para a rua no dia 7 não irão para apoiar o governo, mas para comemorar a data histórica e festiva.

Embora não veja risco de ruptura institucional, Fruet se atenta com “iniciativas sem controle” que podem começar a provocar confrontos. Isso, segundo o parlamentar, geraria uma reação. “Me preocupa qual será o grau de repressão dessa reação. Tem que cuidar para que não haja depredação da cidade. Da depredação para uma arma de fogo não vai faltar muito.”

“Eu acho que Bolsonaro espera que haja um ato muito forte contra ele para ele provocar uma reação. É uma armadilha, alguns setores da sociedade e a oposição têm que ter atenção agora”, alerta.

Paulo Eduardo Martins (PSC)

Para o deputado federal Paulo Eduardo Martins (PSC), toda manifestação que estiver dentro dos limites da Constituição pode ser exercida plenamente e será sempre positiva para a sociedade. “A sociedade democrática tem as suas tensões, até porque é um processo de formação de maioria, de convencimento, de convívio com visões diferentes. O que está na Lei é a garantia da existência da diversidade e que ela seja respeitada. Por isso a Constituição garante a liberdade de expressão.”

O parlamentar não vê motivo para se preocupar com os atos porque o “histórico das manifestações do público que está mais engajado com o 7 de setembro” o tranquiliza. “Até hoje não houve nem lixeira quebrada nessas manifestações”, afirma.

Também não o perturba a possibilidade de ruptura institucional porque “o mundo está muito mais interligado e interdependente social e economicamente, então qualquer tentativa assim não encontra respaldo para se sustentar nessa realidade”.

Sobre a politização da Polícia Militar, Paulo Martins afirma que não é uma novidade nem exclusividade do governo Bolsonaro, ocorre que antes isso “não era registrado na internet ou publicado”. Na opinião do deputado, como qualquer outro cidadão, o policial pode expressar suas opiniões, mas não “usar a força da corporação para o que ele acredita”.

“Eu acho um erro dos governadores essa reação contra um ou outro policial que tem se manifestado porque provoca uma reação corporativa. Pode nem ser por causa daquilo que aquele oficial disse politicamente mas em solidariedade a ele, visto que sempre há uma certa tensão entre a polícia e o governador de plantão por que o segundo é sempre o responsável pela insatisfação salarial, que é eterna, e a busca por condições de trabalho, que também é permanente”, diz o parlamentar fazendo referência ao afastamento do coronel da PM por João Doria (PSDB).

Apesar de apoiar “qualquer manifestação que seja dentro da Constituição”, Paulo Martins não irá participar dos atos da próxima semana pois estará em viagem com a família.

Aliel Machado (PSB)

Na visão do deputado federal Aliel Machado (PSB), todo e qualquer tipo de manifestação, quando se trata de um direito legal, merece ser defendido, o que, no entanto, não é o caso dos atos de 7 de setembro. “Fica até difícil falar manifestação porque isso é um atentado. Pessoas estão chamando outras para dar voz a uma situação grave que pede destituição das instituições, é inconcebível. Ruptura institucional não é manifestação, ruptura institucional não é um ato democrático.”

Para Aliel Machado, diante do discurso capitaneado pelo presidente da república de sucessivas ameaças e mentiras, é preciso se alertar. “Quando a gente fala em ruptura institucional, golpe, isso não se dá de um dia para o outro. E ao longo dos últimos meses, aquilo que era tido como inaceitável está virando quase normal. São esses avanços aos poucos que nos preocupam”, afirma.

Quanto à militarização da PM, o parlamentar entende que é preciso separar “a instituição Polícia Militar de alguns de seus integrantes que reverberam esse tipo de discurso golpista”. “Não acredito que a PM enquanto a maioria de seus membros concorde com isso. Primeiro porque é ilegal. Existe um cuidado dentro da Constituição sobre o direito dos militares dentro de manifestações públicas específicas, justamente para preservar isso.” O perigo, para Aliel Machado, está nos policiais que tentam difundir ideias nas redes sociais dando a impressão de um discurso universal dentro da PM. Isso, segundo o parlamentar, cria uma “narrativa de motim, de divisão”.

Questionado, o deputado disse que não apoia os atos “sob hipótese nenhuma”, visto que a manifestação do 7 de setembro não tem uma pauta democrática. “Nós devemos trocar os políticos, mudar o rumo do país através da participação popular, do voto, através dos mecanismos legais. A democracia é uma conquista do povo brasileiro, da nossa nação que sofreu muito com os regimes antidemocráticos que tivemos por longos anos. Com certeza não tem o nosso apoio, pelo contrário. Qualquer ato que vise o ataque às instituições ou desrespeite a democracia e a liberdade do outro é inaceitável e tem o meu repúdio”, declarou.

Reportagem sob orientação de Rogerio Galindo e João Frey

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1 comentário em “Fruet, Aliel e Paulo Martins: três análises do que esperar dos atos de 7 de setembro”

  1. Bom dia amigos.DEMOCRACIA E LIBERDADE foi conquistada com luta para o bem dos Brasileiros e está sendo ameaçada por um brasileiro que se acha o dono da razão tosco mau caráter sem pudor sem escrúpulos sem educação sem respeito ao povo brasileiro e sem amor a Pátria assim e mais infelizmente é o Presidente do nosso tão rico e amado BRASIL . Esse cara traiu nossa confiança nossas esperanças de um Brasil melhor mais humano e generoso. Há 18 anos só corrupção enganação mentiras bravatas banditismo total`conchavos acertos há de aparecer uma TERCEIRA VIA se não ÓÒÒÒÒÒ DEUS MIO QUE TRAGÉDIA

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