Pai e filha viajam de férias em “Aftersun”, um filme de sensações

Em cartaz no Cine Passeio, “Aftersun” está mais interessado em fazer você sentir coisas e menos em simplesmente narrar uma história

“Aftersun” é um filme de sensações. Quer dizer que ele está mais interessado em fazer você sentir coisas e menos em simplesmente narrar uma história que saia do ponto A para chegar no ponto B.

A sinopse é pequenininha: um pai jovem faz uma viagem de férias com a filha pré-adolescente. Pronto. Eles não parecem ser ricos e a viagem tem um quê de especial por causa disso. Eles são irlandeses (acho) e estão viajando pela Turquia. Calum, o pai (vivido por Paul Mescal, de “Normal People”) fica um pouco decepcionado com o hotel, mas tenta levar na esportiva. Sophie (Frankie Corio), a menina, está numa idade nem-lá-nem-cá. Ela ainda é pequena, mas parece cada vez mais sensível a coisas que não chamavam sua atenção antes – como as provocações de outros jovens ou os beijos de um casal no saguão do hotel.

Nesse cenário, Calum e Sophie vão fazendo seus passeios e festas, e registrando tudo com uma câmera de vídeo que ora está na mão da menina, ora na mão do pai. Logo, entendemos que são as imagens dessa câmera que a Sophie adulta acessa como uma referência do pai e da viagem que fizeram 20 anos antes.

Essa relação entre o presente e o passado é muito sutil. Na verdade, o filme todo é de um sutileza enorme. Nada fica muito evidente, nada é explicado de maneira didática. Ainda assim, tudo que precisa ser entendido sobre os dois personagens e sobre a história, é entendido. Ao menos até onde uma pessoa pode entender outra só prestando atenção no que se passa…

“Aftersun”

Aos poucos, a diretora e roteirista Charlotte Wells vai revelando mais sobre os personagens em fragmentos de conversas e em situações específicas. Como acontece com pais separados (e falo da minha experiência com o meu filho), uma viagem de férias nunca é só uma viagem de férias. Você quer que seja um momento para compensar várias ausências e para criar memórias. Que torne possível uma convivência que não existe de outra forma e que também mate as saudades acumuladas. É um momento que precisa ser feliz.

Isso tudo, claro, é muito difícil de fazer. Impossível até. No entanto, Calum tenta. Ele tenta como se aquelas fossem as últimas férias de suas vidas.

“Aftersun” é um filme muito bonito, mas também muito, muito triste.

Onde assistir

“Aftersun” está em cartaz no Cine Passeio.

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