Mostra Container Cultural tem teatro, música, oficinas e muito mais

Para driblar a pandemia, produção passou espetáculos e oficinas para o on-line

Não é difícil imaginar que a vida cultural de quem vive numa cidade pequena é bem diferente da vida cultural dos paulistanos ou cariocas. Há menos livrarias, dificilmente as peças de teatro chegam e até cinema em muitas cidadezinhas é artigo de luxo.

Como forma de remediar isso, em 2014 a produtora cultural Joanita Ramos decidiu inventar um “container cultural”. A ideia era percorrer os municípios com um container transformado em palco. Parece um improviso, uma gambiarra, mas pelo contrário: o objetivo era montar algo realmente de primeira, que talvez fosse impossível nos palcos locais.

“Eu queria um sofisticação para essas cidades, que seria difícil de alcançar com apresentações em escolas, ginásios de esportes e salões paroquiais – que são os espaços que os municípios pequenos geralmente oferecem para apresentações”, diz Ramos, a idealizadora do projeto. Funcionou, e desde 2017, com apoio do Profice, o container rodou dezenas de cidades.

Com a pandemia, porém, claro, tudo ficou mais difícil, e o belo container criado pela arquiteta Paola Burkot corria o risco de ficar encostado até tudo passar – justo no momento em que as pessoas mais precisavam de acesso à arte e à cultura. A possibilidade de passar tudo para o on-line era óbvia, mas os envolvidos resistiram um pouco.

“Resistimos muito a adaptar para on-line, justamente por saber do problema da exclusão digital entre nosso público-alvo”, diz Ramos. Mas era evidente que o caminho era necessário. “O que podemos fazer, em relação a isso, é estimular professores, profissionais e voluntários de orfanatos, asilos, grupos de terceira idades, sindicatos e associações a organizarem nas suas instituições um modo de as pessoas atendidas terem acesso à Mostra.”

O resultado é a I Mostra Container Cultural, que acontece a partir desta semana na Internet com espetáculos e também oficinas. “A Mostra tinha também o objetivo de mostrar outras coisas, além dos espetáculos. E uma delas era justamente lembrar a importância de se fazer projetos que quebrem com os padrões do individualismo, ou de se relacionar artisticamente sempre dentro da mesma ´tribo´. Eu me refiro àquela ideia de concentrar os recursos em pouca gente para o trabalho ficar mais rentável, tipo ´vamos defender o nosso´.”

Na mostra não é assim. Há de tudo, e com gente de diversos grupos. As oficinas, por exemplo, contam com o grupo de teatro Antropofocus e o palhaço Alípio.

Nos espetáculos, há uma grande variedade de opções. Além do espetáculo de palhaços do próprio Alípio com a palhaça Sombrinha, de uma peça do Antropofocus, há ainda música, contação de histórias, Comédia Dellarte e muito mais. Os ingressos são todos gratuitos e podem ser adquiridos no site oficial da mostra.

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