Paulinho da Viola volta a Curitiba para comemorar seus 80 anos, completados em novembro passado. Com quase seis décadas de carreira, o cantor, compositor, multi-instrumentista e ícone da música brasileira se apresentará no Teatro Positivo no próximo domingo (25), às 21h, com organização da Cult! Produções e do Instituto Res Publica.
O príncipe do samba, entre tantas definições de sua grandiosidade, promete um repertório com clássicos conhecidos do público e incursões que fez em variados gêneros musicais. A última apresentação de Paulinho da Viola na capital paranaense foi em 2016.
Paulinho da Viola
Paulo César Batista de Faria é filho do violonista Benedicto Cesar Ramos de Faria. Do pai, Paulinho tomou gosto pela música e pôde conhecer músicos como Pixinguinha e Jacob do Bandolim tocando na sala de casa. Mesmo a contragosto do pai, a paixão pela música virou a razão de viver do filho.
Passou a se envolver com o carnaval carioca ainda na adolescência, quando tirava as primeiras notas no violão. A majestade da escola de samba Portela o fez príncipe, mas a eternidade de suas melodias e a candidez de sua voz foi o tempo que fez questão de legar.
Sambista perfeito
“Elegante do jeito Paulinho”, como cita Arlindo Cruz na música “Sambista Perfeito”, sua carreira vai para além da viola ao constituir um elo entre o samba de ontem e de hoje. O sambista urbano e introspectivo, não pertencente ao samba de morro, escreveu poesias com o gênero em formas não restritas. Mesmo assim, Paulinho sempre fez questão de valorizar suas influências e dar voz à tradição.
“Eu aceito o argumento/Mas não me altere o samba tanto assim/Olha que a rapaziada está sentindo a falta/De um cavaco, de um pandeiro/Ou de um tamborim” Assim ele cantou em “Argumento”, como outras tantas vezes trouxe à luz as composições de Cartola, Nelson Cavaquinho e demais nomes do samba de velha guarda.
Por que ir ao show?
Diante da impossibilidade de definir a importância do músico para a cultura popular brasileira, incumbi a dois fãs a difícil tarefa de responderam a uma cruel pergunta:
Por que ir ao show de Paulinho da Viola?
— Ele é um dos maiores artistas da música popular brasileira. Vou remeter a uma música que define o que ele é. O Batatinha, compositor baiano, na década de 70 gravou um samba chamado “Ministro do Samba”. A letra diz assim: “O samba bem merecia/Ter ministério algum dia/Então seria ministro Paulo César Batista Faria”. Então é isso, ele é uma autoridade maior do samba. Quem gosta da boa música brasileira, quem gosta de samba, precisa ir a esse show. Não pode perder —, comenta a pesquisadora de samba Juliana dos Santos Barbosa.
— É uma oportunidade que não dá para desperdiçar. É uma oportunidade única de estar participando desse momento tão especial da carreira dele, revisitar toda essa trajetória de vida dele, desde as primeiras canções lá nos anos 60 até a fase mais atual dele. É uma grande viagem no tempo que vale muito a pena —, afirma o jornalista André Felipe Schlindwein.
O samba
Juliana dedica-se academicamente ao samba desde 2005. Desde então, levou o tema para a graduação, o mestrado e doutorado. Carioca de nascimento, mudou-se com a família para Londrina com oito meses e há um ano e meio mora em Curitiba, onde dá aula na Universidade Federal do Paraná (UFPR).
“Eu destacaria a elegância [de Paulinho] num amplo sentido. É pela riqueza do repertório dele, das criações e composições que têm uma riqueza melódica muito grande, uma poética muito grande também”, define a pesquisadora.
Para ela, Paulinho é “um sambista que cultua a memória viva” de sambistas que vieram antes dele. “Ele tem esse papel de encontrar mesmo esses tesouros, essas relíquias [do samba], fazer as releituras e criar coisas novas.”
O encontro do sambista com outros gêneros não é mero acaso, e a conexão de ouvintes da Música Popular Brasileira e da bossa nova com o artista é um “caminho natural”. Assim explica Schlindwein, que destaca o apreço tanto pelas letras populares quanto pelas melodias intimistas de Paulinho. O catarinense sairá de Gabiruba, a 250km de Curitiba, para acompanhar essa oportunidade única.
A obra
E o que ouvir de Paulinho da Viola?
De 220 composições e 28 álbuns, os fãs destacaram a canção “Foi um rio que passou em minha vida”.
“Até por ser uma música relacionada a carnaval e escola de samba, acho que resume muito bem o arrebatamento que acontece quando alguém para por um instante para acompanhar o desfile de escola de samba, que é um amor à primeira vista”, explica o redator.
“Ela [música] fala do amor dele pela Portela de uma forma muito poética, de uma forma muito bonita embora”, resume a doutora do samba. “É olhar para essa música pensando no que a Portela provocou na vida dele. Quando ele viu o azul que não era do céu, que não era do mar, e o que aquele impacto que significa na vida dele de ver a Portela desfilando. Eu acho de uma beleza poética sensacional.”
Já a escolha de um álbum favorito foi bem distinta: “Zumbido”, de 1979 para ele, e “Sempre se pode sonhar”, de 2020, para ela. Independentemente do gosto ou da época, se tradicional ou inovador, há dentro de cada brasileiro um espaço reservado para Paulinho da Viola.
“Sem preconceito ou mania de passado/Sem querer ficar do lado de quem não quer navegar/Faça como o velho marinheiro/Que durante o nevoeiro leva o barco devagar.”
Serviço
Quando: 25 de junho (domingo), 21h
Abertura da casa: 20h
Onde: Teatro Positivo – R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300 – Campo Comprido
Classificação Indicativa: Livre
Alimentação: bomboniere do teatro e serviço do Hard Rock Café
Ingressos e mais informações: DiskIngressos
Realização: Cult! Produções e Instituto Res Publica