Faltavam cinco minutos para a Assembleia Legislativa do Paraná votar um projeto que aliviava em R$ 73 milhões uma dívida do Athletico da época da Copa. Dinheiro para a construção da Arena. E aí no meio da sessão, no microfone mesmo, o presidente da Assembleia, Ademar Traiano (PSD), me diz o seguinte:
“Artagão! Vossa excelência estava à procura de um material. O Alexandre Curi tem à disposição 25 ainda. Que você pediu para mim agora há pouco.”
Por um mínimo de pudor, a conversa estava quase cifrada. Mas aí os outros, que viram que tinha uma boquinha à espera da rapaziada, já partiram pra cima. A câmera da TV Assembleia não mostra quem falou as outras frases, mas em seguida alguém disse: “Se o Artagão quer eu também quero. Não sei nem o que que é.”
Outro, que não quis saber de manter o falso pudor, mandou: “Seu presidente, por acaso é os ingressos para ir no jogo?”
Traiano, sem ficar vermelho, respondeu que sim. “É. Ele ficou encarregado da distribuição.”
E aí o deputado que já tinha falado antes continua sua bela linha de raciocínio: “Se o Artagão quer é porque é coisa boa, então eu também vou querer.”
Alguém, tentando manter o decoro (tarde demais), vai ao microfone: “O estádio é público, viu presidente, dá pra ir todo mundo.” E Traiano responde: “Claro, concordo, é por isso que estão fazendo essa distribuição de ingressos.”
Pois logo em seguida o Athletico ganhou os R$ 73 milhões que queria. E hoje os deputados, felizes, vão à Arena que você está pagando para ver o jogo contra o Flamengo.