A primeira pesquisa oficial de intenção de voto para a prefeitura de Curitiba depois de formalizadas as candidaturas mostra o atual prefeito, Rafael Greca (DEM), numa situação absolutamente tranquila. Tem 20 pontos de vantagem sobre a soma dos concorrentes. Tem mais de quarenta pontos de vantagem sobre o segundo colocado.
Se fosse uma corrida de Fórmula 1, ele estaria começando a prova com duas voltas de vantagem sobre os outros. Metade dessa vantagem foi obtida na pista, convencendo o eleitor de que o trabalho do atual mandato foi bom. A outra metade se deve ao fato de que os adversários que teriam mais chance abandonaram a corrida.
Sejamos claros: Greca está vencendo por W.O., e tem méritos nisso. Com algum passe de mágica, convenceu Ratinho (PSD) a deixar Ney Leprevost (PSD) de castigo no cantinho; conseguiu ainda tirar Luizão (PR) e Ducci (PSB) da jogada. Gustavo Fruet (PDT) se assustou e pulou fora. E Greca ficou quase sozinho, rodeado de candidatos que ninguém conhece.
Os dois nomes mais fortes que sobraram são o de Francischini (PSL) e o de Goura (PDT). Mas Francischini tem o eterno problema do 29 de abril, e embora para deputado tenha feito um caminhão de votos, dificilmente terá o perfil do candidato que agrada a uma maioria.
Goura está em ascensão, bem poderia estar melhor se Fruet não tivesse feito o favor de empatar sua candidatura durante um ano e meio e, na saída, ainda avisar para todo mundo que quem assumisse a bucha estaria lascado e sem dinheiro. Sem tempo para formar uma coalizão, Goura ficou refém de uma armadilha, pelo menos temporariamente.
Isso tudo quer dizer que Greca pode sair comemorando? Ainda não. Ele mesmo sabe disso. O prefeito conta que em 96, quando estava saindo da prefeitura, escolheu Augusto Canto Neto como sucessor. Mas, diz Greca, o sujeito colocou um charuto na boca e começou a achar que já era prefeito: resultado, não foi nem candidato.
Desse mal o prefeito não morre. É esperto o suficiente para saber que se bobear, dança. E está jogando com todas as armas que tem. Eliminou os adversários com precisão cirúrgica, mas ainda não existe nomeação de prefeito. E portanto não teve como tirar todo mundo do páreo.
O índice mais preocupante para o prefeito é o dos que hoje não votam em ninguém. São 15% dizendo que vão de branco ou nulo e 10% dizendo que não sabem quem escolher. Isso quer dizer que nada menos de 25% dos curitibanos não se encantaram com nenhum candidato. O que, pelo momento, equivale a dizer, não se encantaram com Greca.
Na vitrine há quatro anos, com gastos na casa dos R$ 50 milhões em propaganda com dinheiro público, Greca não convenceu essas pessoas. Alguém convencerá? Goura, Francischini e o resto da tropa ainda não tiveram muita chance de se apresentar. É provável que, ao saber que Greca não é a única opção, o curitibano comece a dizer que, sim, poderia votar em um dos outros.
A corrida é curta, só um mês e dez dias. Mas o que importa, sabe quem faz pesquisas, não é tanto o número, é a curva. E se algum dos atuais retardatários começa a se destacar do pelotão, pode se impor como opção. A janela para isso, porém, será brevíssima. Três, quatro semana, no máximo.
Se ninguém reagir nesse primeiro momento, aí sim, Greca pode pegar o charuto e se preparar para o terceiro mandato.
Resultados da pesquisa
Rafael Greca (DEM) – 47%
Delegado Francischini (PSL) – 6%
Goura (PDT) – 5%
Christiane Yared (PL) – 3%
João Arruda (MDB) – 3%
Professora Samara (PSTU) – 2%
Camila Lanes (PCdoB) – 1%
Diogo Furtado (PCO) – 1%
Dr. João Guilherme (Novo) – 1%
Marisa Lobo (Avante) – 1%
Paulo Opuszka (PT) – 1%
Professor Mocellin (PV) – 1%
Zé Boni (PRTB) – 1%
Branco e nulo – 15%
Não sabe/não respondeu – 10%
A pesquisa Ibope, encomendada pela RPC, ouviu 605 eleitores nos dias 4 e 5 de outubro. A margem de erro é de 4 pontos para cima ou para baixo, com confiabilidade de 95%. O registro na Justiça Eleitoral tem o número PR-08260/2020.
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